|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARTES CÊNICAS
"22 Antes Depois", produção de Guto Lacaz, Arrigo Barnabé e Tim Rescala, estréia para convidados
"Pocket opera" festeja Semana de 22
PEDRO IVO DUBRA
DA REDAÇÃO
A Semana de 22, realizada no
Teatro Municipal, templo das
óperas, completa 80 anos. E é justamente com uma delas -em
formato diferente, novo, "pocket"
(de bolso, em inglês)- que o Sesc
celebra o acontecimento que agitou São Paulo e as artes brasileiras. "22 Antes Depois", título do
espetáculo, estréia hoje para convidados na unidade do Ipiranga.
Mais ou menos seguindo o espírito multidisciplinar que contaminou o "sarau futurista" de Mário, Oswald e tantos outros, a
"pocket opera" conta com concepção cênica de Arrigo Barnabé,
Guto Lacaz e Tim Rescala. Barnabé e Rescala assinam a direção
musical. Lacaz, a cenografia.
Definida como colagem, formada por quadros independentes,
"22 Antes Depois" retrata fatos
que antecederam a reunião, que
ocorreram no calor (era Carnaval) da hora e a sucederam. O percurso vai da Villa Kyrial -chácara frequentada por intelectuais e
artistas da velha e da nova guarda- até Glauber Rocha.
No meio do caminho, referências tiradas da história, como a
crítica de Monteiro Lobato à exposição de Anita Malfatti, misturam-se a criações mais livres. Rocha entrevista Zumbi, considerado dono do "espírito moderno".
"A gente procurou se informar
bem, teve assessoria histórica",
diz Tim Rescala, 40.
As doze cenas principais são
costuradas por um samba-enredo, que faz referência a Villa-Lobos por meio da superposição de
seus temas mais conhecidos. Primeiramente, são apenas trechos
da música, cantada por uma faxineira que entra para espanar a
poeira de um vaso quebrado, metáfora da ruptura. Ao final, o samba é executado na íntegra.
O tal vaso cai não apenas para
simbolizar uma ordem decadente, mas também para citar um fato
menos conhecido. "Houve um
terremoto na cidade alguns dias
antes, em 22. Fazemos analogia
com a Semana, que também sacudiu as coisas", explica Rescala.
Nem só de canto lírico vive "22
Antes Depois". Silêncios pontuam a trama, mostrando um
"happening operístico", como a
cena que faz referência ao escultor
Victor Brecheret. "As minhas entradas são mais silenciosas e performáticas", diz Guto Lacaz, 53.
Rematando a ópera, servindo
mesmo para elucidar passagens
de um espetáculo que Lacaz define como "didático confuso", a exposição "O São Paulo dos Modernistas" contextualiza a época.
O Sesc Ipiranga realiza o projeto
"Pocket Opera" há quatro anos. Já
participaram da iniciativa artistas
como Gerald Thomas ("N x W") e
Marcelo Tas ("Zap, O Resumo da
Ópera"), entre outros.
22 ANTES DEPOIS - Criação e direção
musical: Arrigo Barnabé e Tim Rescala.
Direção cênica: Arrigo Barnabé, Guto
Lacaz, e Tim Rescala. Criação e
cenografia: Guto Lacaz. Com: Martha
Herr, Suzana Salles, e outros. Onde: Sesc
Ipiranga -°teatro (r. Bom Pastor, 822, São
Paulo, tel. 0/xx/11/3340-2000). Quando:
hoje, às 21h; sex. (estréia para o público),
às 21h; qui. a sáb., às 21h; dom., às 20h.
Até 17/3. Quanto: R$ 6 a R$ 12.
Exposição: ter. a sex., das 8h às 22h; sáb.
e dom., das 9h às 18h; a partir de 28/2.
Entrada franca.
Texto Anterior: Cinema: Curso revisa história do documentário Próximo Texto: Frase Índice
|