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Belas Artes sobrevive com novo sócio
DA REPORTAGEM LOCAL
O Cine Belas Artes, tradicional
sala paulistana na rua da Consolação, afastou ontem o fantasma do
fechamento, anunciado em dezembro passado.
O cineasta ("Sonhos Tropicais")
e distribuidor (Pandora Filmes)
André Sturm tornou-se sócio da
empresa proprietária Alvorada,
adquirindo os 50% que pertenciam ao Grupo Estação.
Em crise financeira e sem capital para investir na reforma das
seis salas, os antigos sócios haviam dito que o cinema deixaria
de funcionar este ano, se não conseguissem atrair um patrocínio
ou um novo sócio para o negócio.
Sturm disse que, em março, será
desenvolvido um plano de reforma. O início da restauração está
previsto para abril. "É mais fácil
identificar os problemas com o cinema funcionando", afirma.
As obras deverão ser realizadas
em etapas, atingindo duas salas de
cada vez, para evitar a interrupção
das atividades do cinema.
"Estamos assumindo o Belas
Artes não para mantê-lo como está, mas para torná-lo novamente
uma referência cultural em São
Paulo", diz o cineasta.
Fundado há 30 anos, o Belas Artes consolidou uma tradição cineclubística em São Paulo. Sem manutenção e com o público em
queda, tornou-se decadente nos
últimos anos.
Sturm acredita que os investimentos para oferecer "condições
adequadas de conforto e projeção" e a garantia de uma programação "não-oscilante" trarão o
público de volta ao Belas Artes.
O perfil da programação incluirá "desde filmes como "O Filho da
Noiva" e "Fale Com Ela" [atualmente em cartaz no Belas Artes],
até produções mais ousadas e instigantes, que são a característica
da Pandora", diz.
Filmes de outros distribuidores
independentes também merecerão destaque. Não haverá lugar
para lançamentos do cinema tipicamente comercial.
Mais recentemente concentrado na atividade de distribuição,
Sturm tem experiência anterior
como exibidor. "Comecei na exibição, com o Cineclube da Fundação Getúlio Vargas. De 1992 a
1996, fui responsável pelo Cine
Lumière", diz.
Antônio Roberto Godoy, do
grupo Alvorada, afirma que a empresa está confiante na capacidade de reerguer o Belas Artes ao lado do novo sócio.
Marcelo Mendes, sócio do Grupo Estação, que deixou o negócio,
diz que a solução encontrada garantiu o mais importante, "manter o cinema em funcionamento".
"Sturm é amigo e parceiro nosso há décadas. Ele vai poder fazer
o que não conseguimos, que é
mudar o perfil de programação.
Tem chance de dar certo", diz.
Os sócios não revelaram o valor
do contrato. (SILVANA ARANTES)
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