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Da Vinci blockbuster
Exposição na Oca, "para toda a família", reúne réplicas de obras e inventos do artista
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Há duas grandes exposições
"blockbuster" circulando pelo
mundo, coincidentemente as
duas irão ocorrer no mesmo local no Brasil", afirma Bruce Peterson, responsável por "Leonardo da Vinci - A Exibição de
um Gênio", que é aberta, hoje,
para convidados, junto com
"Corpo Humano: Real e Fascinante", ambas na Oca, no parque Ibirapuera. O encontro não
deixa de fazer algum sentido: os
trabalhos de Da Vinci com base
em estudos de anatomia constituem um elo entre as duas
mostras, também unidas por
um sentido "científico" mais
genérico.
A mostra sobre o artista do
Renascimento ocorre depois de
o livro "O Código Da Vinci", de
Dan Brown, ter se tornado um
fenômeno global, atraindo milhões de leitores e gerando inúmeros seguidores. O livro já ganhou também uma versão para
o cinema.
A exposição de Da Vinci na
Oca parece seguir à risca o texto
clássico "A Obra de Arte na Era
de sua Reprodutibilidade Técnica", do pensador alemão
Walter Benjamin, já que ali nada é original. A mostra é composta por cópias e réplicas, algumas até em tamanho distinto
do original, como "A Última
Ceia", uma das obras-primas de
Da Vinci (1452-1519), que será
vista em escala reduzida.
"Nossa intenção é mostrar a
genialidade dele de uma maneira mais ampla, não apenas a
artística, para que todo visitante possa compreendê-lo, seja
uma criança de dez anos ou um
adulto. É uma exposição para
toda a família, tanto o pai que
gosta de máquinas como a
criança que gosta de brinquedos", diz Peterson à Folha.
Peterson é o pai da mostra.
Formado em fisiologia, sua carreira acabou indo para a área
do marketing, produzindo torneios de tênis na Austrália, sua
terra natal. Seu primeiro contato com Da Vinci foi recente,
quando teve a idéia de montar
uma mostra só com as máquinas projetadas pelo artista, o
que ocorreu em Melbourne no
ano passado.
"É muito difícil para uma
pessoa comum ver tudo o que
existe de Da Vinci, pois as
obras dele estão espalhadas por
muitos museus. O seguro para
reunir essas obras seria enorme, tornando impossível o projeto. Por isso, é mais fácil construir réplicas", diz Peterson.
Desenhos e máquinas
Depois de Melbourne, o projeto cresceu. Mas, em meio a
desenhos, estudos anatômicos
e até uma animação tridimensional sobre a "Última Ceia", as
150 réplicas de máquinas ainda
são o centro da mostra.
"Não se trata de algo com
sentido acadêmico, até porque
há muita discordância entre
pesquisadores. Meu objetivo
não é tanto fazer as crianças
que visitam a exposição olhar
para o passado, mas estimulá-las à criatividade, incentivá-las
a sair com vontade de se tornarem gênios também."
Para tanto, a exposição foi estruturada seguindo quatro
princípios, segundo seu organizador: ela deveria ser interativa, educativa, universal na
compreensão e ter uma dimensão de entretenimento.
As duas mostras inauguradas
hoje são produzidas pela CIE
(Corporação Interamericana
de Entretenimento), multinacional de diversão com sede no
México que, no Brasil, é responsável por diversas casas de
espetáculo e, recentemente, introduziu a produção de grandes
musicais na cidade, como "O
Fantasma da Ópera". Essas são
a segunda incursão da CIE na
área expositiva. A primeira foi o
fiasco "Corpos Pintados", exibida em 2005.
O que Benjamim (1892-1940) não previa é que, mesmo
sem obras originais, apenas o
nome do artista poderia fazer
surgir exposições como essa.
Mas, se existem serviços bancários chamados Van Gogh e carros Picasso, ao menos a exposição paga tributo à produção do
nome que deve levar milhares
de pessoas a ver suas obras no
parque Ibirapuera.
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