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Mostra reconta o glamour da era Warhol
ERIKA PALOMINO
Colunista da Folha
Segundo andar; Andy Warhol. A
entediada frase do ascensorista do
museu fornece pistas do que vem a
seguir. Com certa dose de estranhamento, o visitante caminha
pelo universo do artista que estabeleceu as diretrizes do pop nos
anos 60. O ponto de partida são as
três palavras que apresentam a exposição: glamour, estilo, fashion.
Aberta em novembro no Whitney Museum de Nova York, atualmente em Toronto (Canadá), a
mostra "The Warhol Look" segue
em maio para Londres, prometendo arrastar sua cauda de polêmica.
Ao expor itens como os objetos
de toucador do artista morto em
1987, aos 59 anos, bem como algumas de suas perucas, roupas e sapatos, a mostra abre espaço para
as mais cínicas críticas do mundo
da artes plásticas.
"Os cosméticos de Andy Warhol
estão em exposição. Se ele os usou
para preparar seu rosto para suas
polaroids como uma drag, em 81,
então estes cosméticos são fonte
para a arte. Se não, ficamos na feliz
e confusa situação de estarmos
simplesmente olhando para alguns cosméticos", detona Wayne
Koestenbaum na "Artforum" deste mês (disponível para compra
em São Paulo).
Assim, "The Warhol Look" ajuda a discutir o conceito de estrelato instalado pelo artista, bem como seu próprio valor.
Na mostra, entendemos de que
modo sua coleção de fotos de astros de Hollywood foi o ponto de
partida para transformar em estrelas pessoas comuns como Nico,
Eddie Sedgwick., Joe Dalessadro
ou Candy Darling, onde no estúdio Factory se criava a mitologia
necessária para tanto.
Completam o processo testes cinematográficos de caráter amador; filmes sem qualquer narrativa
e, principalmente, muito conhecimento da cultura social nova-iorquina: festas, drogas, dinheiro e a
ausência dele, prestígio. "Durante
63 e 68, tudo o que Warhol e sua
"entourage' vestiam, falavam e faziam se tornou tão significante
quanto o que eles produziram ou
mostraram", explicam os curadores Mark Francis e Margery King
no catálogo brilhantemente resolvido pelo designer Bruce Mau.
"The Warhol Look" tenta, portanto, delicada semiótica do glamour. Seus meios consistem em
momentos do trivial e do efêmero
coletados desde seu trabalho como vitrinista, nos anos 50, até o
ápice de sua fortuna, nos 80.
Um dos méritos da mostra se
concentra nas novas gerações.
"The Warhol Look" apresenta um
material que abrange hypes como
os vestidos de Gianni Versace feitos com estampas de telas de Warhol; páginas recentes da revista
"Interview" (inventada pelo artista) e jaquetas com a imagem do
amigo Jean Michel Basquiat, avaliando a influência e os desdobramentos mais atuais de seu legado
na cultura pop.
Entre as relíquias, uma entrevista com a dama do estilo Diana
Vreeland, em seu lendário apartamento nova-iorquino, e um impagável vídeo com o passo-a-passo
das tais polaroids de Warhol vestido de mulher. Puro fetiche pop.
Exposição: The Warhol Look/Glamour
Style Fashion
Onde: Art Gallery of Ontario - Toronto,
Canadá. Até 3 de maio
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