|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TEATRO
"Allegro Ma non Troppo", nova peça do dramaturgo, apresenta três cenas da vida de uma prostituta
Aimar Labaki se aventura pela comédia
free-lance para a Folha
A Folha promove hoje, às
19h30, a leitura dramática da peça
"Allegro Ma non Troppo" de Aimar Labaki, com interpretação
dos atores Umberto Magnani e
Chris Couto e direção de Roberto
Lage.
O evento faz parte do ciclo "Leituras de Teatro", que, gratuitamente, apresenta ao público peças inéditas no auditório do jornal.
Labaki, 39, é autor de peças como "Vermouth" e "A Boa" e de
novelas para a televisão. Ele diz
que pela primeira vez escreveu
um texto teatral com a intenção
de fazer rir: "É um exercício de estilo. A forma gerou o conteúdo",
conta.
A comédia possui três cenas vividas pela mesma personagem,
uma prostituta que sonha em se
tornar cantora (Chris Couto). Em
cada uma, ela atende, por acaso,
um cliente ligado ao ramo musical: na primeira, se depara com
um pianista clássico; na segunda,
encontra um velho cantor da Jovem Guarda que há 30 anos canta
as mesmas canções; por último,
conhece um sambista de laboratório, um homem loiro, produto
da gravadora. Os três papéis masculinos são lidos por Umberto
Magnani.
"O objetivo é discutir ofício e
carreira, a diferença entre os dois
conceitos está esquecida hoje em
dia", explica o dramaturgo. Ele
acrescenta que "Allegro Ma non
Troppo" vem na tradição brasileira das comédias de costumes,
com o humor presente nas situações e nos personagens. "Mesmo
sendo cômicos, os personagens
são densos", analisa. O dramaturgo elogia a veia cômica dos atores
escolhidos para a leitura. Chris
Couto fez parte do Grupo Tapa
por vários anos e tem experiência
no gênero. A maioria dos trabalhos de Magnani é com textos
dramáticos, mas segundo Labaki
"ele tem um viés cômico muito
forte".
Um fato que despertou a curiosidade do autor enquanto escrevia a peça foi a descoberta que o
dramaturgo Jorge Andrade, autor
de peças como "A Moratória" e
"Vereda da Salvação", morto em
1983, também escreveu uma comédia intitulada "Allegro Ma non
Troppo". Não se conhece, porém,
o paradeiro do texto de Andrade,
que nunca foi montado. "O mais
interessante é que Jorge Andrade
não era autor de comédias", comenta Labaki.
Para Labaki, leituras dramáticas
de textos inéditos servem de termômetro para autores, diretores
e os atores analisarem a reação do
público e possíveis alterações no
texto para uma futura montagem.
"Propicia uma visão mais objetiva
da peça", opina Labaki, que começou a escreveu sua comédia há
três anos e continua fazendo ajustes a cada nova passagem.
(MARINA MONZILLO)
Texto Anterior: Vida Bandida - Voltaire de Souza: Tudo limpo Próximo Texto: Peça ganha leitura hoje na Folha Índice
|