São Paulo, terça-feira, 28 de março de 2000


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TEATRO
"Allegro Ma non Troppo", nova peça do dramaturgo, apresenta três cenas da vida de uma prostituta
Aimar Labaki se aventura pela comédia

free-lance para a Folha


A Folha promove hoje, às 19h30, a leitura dramática da peça "Allegro Ma non Troppo" de Aimar Labaki, com interpretação dos atores Umberto Magnani e Chris Couto e direção de Roberto Lage.
O evento faz parte do ciclo "Leituras de Teatro", que, gratuitamente, apresenta ao público peças inéditas no auditório do jornal.
Labaki, 39, é autor de peças como "Vermouth" e "A Boa" e de novelas para a televisão. Ele diz que pela primeira vez escreveu um texto teatral com a intenção de fazer rir: "É um exercício de estilo. A forma gerou o conteúdo", conta.
A comédia possui três cenas vividas pela mesma personagem, uma prostituta que sonha em se tornar cantora (Chris Couto). Em cada uma, ela atende, por acaso, um cliente ligado ao ramo musical: na primeira, se depara com um pianista clássico; na segunda, encontra um velho cantor da Jovem Guarda que há 30 anos canta as mesmas canções; por último, conhece um sambista de laboratório, um homem loiro, produto da gravadora. Os três papéis masculinos são lidos por Umberto Magnani.
"O objetivo é discutir ofício e carreira, a diferença entre os dois conceitos está esquecida hoje em dia", explica o dramaturgo. Ele acrescenta que "Allegro Ma non Troppo" vem na tradição brasileira das comédias de costumes, com o humor presente nas situações e nos personagens. "Mesmo sendo cômicos, os personagens são densos", analisa. O dramaturgo elogia a veia cômica dos atores escolhidos para a leitura. Chris Couto fez parte do Grupo Tapa por vários anos e tem experiência no gênero. A maioria dos trabalhos de Magnani é com textos dramáticos, mas segundo Labaki "ele tem um viés cômico muito forte".
Um fato que despertou a curiosidade do autor enquanto escrevia a peça foi a descoberta que o dramaturgo Jorge Andrade, autor de peças como "A Moratória" e "Vereda da Salvação", morto em 1983, também escreveu uma comédia intitulada "Allegro Ma non Troppo". Não se conhece, porém, o paradeiro do texto de Andrade, que nunca foi montado. "O mais interessante é que Jorge Andrade não era autor de comédias", comenta Labaki.
Para Labaki, leituras dramáticas de textos inéditos servem de termômetro para autores, diretores e os atores analisarem a reação do público e possíveis alterações no texto para uma futura montagem. "Propicia uma visão mais objetiva da peça", opina Labaki, que começou a escreveu sua comédia há três anos e continua fazendo ajustes a cada nova passagem.
(MARINA MONZILLO)


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