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São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2003

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808 State, pioneiro da acid house, leva o Brasil aos "velhos tempos" do gênero

Eletrônica das cavernas

Divulgação
Da esq. para dir., Andrew Barker, Graham Massey e Darren Partington, do 808 State



O músico do trio britânico Graham Massey diz à Folha que o grupo poderá "soar mais rock" em sua segunda visita ao país


BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

No circuito das pistas de dança e das batidas cada vez mais aceleradas, o inglês Graham Massey, 41, pode até parecer um saudosista dos "velhos" tempos da música eletrônica. Como integrante do 808 State, grupo pioneiro do acid house, ele se prepara para sua segunda visita ao país, no festival Skol Beats, que acontece no próximo dia 26 de abril no Anhembi.
À Folha, Massey explica o que mais de dez anos dentro do estilo significam. Na época dos DJs celebrados como pop stars, o 808 quase ficou para trás ao apostar em músicas com menos apelo para as pistas de dança -chegaram a ficar três anos sem gravadora, por desentendimentos artísticos.
"Hoje, a cultura do DJ tem mais a ver com fama e menos com a expressão artística", diz. "Sou contra isso porque não fico apenas prestando atenção se a música é dançante ou não."
O show no Brasil e o novo disco, "Outpost Transmission" -inédito no país-, dão uma idéia de como o tecno, a house etc., deveriam soar para Massey, que, além de produtor, é músico e toca saxofone, guitarra e teclado.
De um lado, o "novo" 808 State procura um som mais "orgânico", com músicos tocando junto com os equipamentos eletrônicos -idéia aprovada e adotada por nomes como Groove Armada, Moby e Cassius. Fechando o conceito, a busca de Massey é por canções que componham um álbum, e não apenas hits e singles comerciais de curta duração -caminho mais conceitual de gente como o Chemical Brothers.
"Já tocamos de diferentes maneiras, mas acho que elementos humanos são necessários. Continuamos acompanhando as evoluções tecnológicas apesar disso."

Show no Brasil
Massey diz que, em São Paulo, o 808 vai soar como uma banda, com baterista, baixista e dois tecladistas, além da inclusão de saxofone e guitarras. Bem diferente do que os brasileiros puderam conferir em 1996, quando tocaram antes da cantora islandesa Björk, no extinto Free Jazz.
"Não estamos mais naquela fase tecno, talvez soemos mais rock", diz. Promete também sucessos antigos -mas reformulados-, como "Pacific 202", "Cübik" e "Cobra Bora", e músicas do novo CD -"606" e "Wheatstraw".
O produtor não se impressionou muito quando informado sobre os outros artistas que tocarão com o 808 no Skol Beats -como Stereo MC's, Dave Clark, Junkie XL. "Acho difícil dar alguma opinião porque não tenho nenhuma reação ao ouvir esses nomes; estou sempre tocando com eles em diversos festivais. Apenas penso: "Ah, são eles de novo?"."
Massey, na verdade, defende com ardor quase romântico um estilo muito particular criado pelo 808 State, uma das bandas eletrônicas mais importantes da virada dos anos 80 para os 90.
Na ocasião, Manchester, cidade natal da banda, vivia o chamado "segundo verão do amor", com inúmeros grupos que anunciavam o espírito da ocasião, uma retomada dos conceitos de "paz e amor" dos anos 60. A música do 808 State recebeu rótulos -renegados- como ambiente e new age house. Basta ouvir o hit "Pacific 202" para entender as amplitudes de tal sonoridade: introdução com barulhinhos de gaivotas, saxofone e batidas eletrônicas em volume mais baixo.


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