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CRÍTICA
CD é sofisticado e objetivo
DA REPORTAGEM LOCAL
Qualquer desconfiança
prévia cai por terra já à primeira audição de "Com Ela", de
Lanlan. Dona das mil e uma habilidades dos bons percussionistas,
surpreende como cantora/autora
ao elaborar uma original combinação entre o que se chama comumente de "pop" e de "arte".
Lanlan sabe dosar sofisticação
musical e espírito pop, em rocks
de letras e melodias simples, diretas, objetivas. É herdeira de Cássia, e, sem superá-la em densidade, parte de um ponto além daquele em que estava com Eller.
O modo solto como aborda sexualidade gay, afeto e cultura pop
leva a MPB a patamar de ineditismo. Isso se comprova até musicalmente, por rocks-batuques
("100 Xurumela", "É Melhor")
que peitam a tradição baiana, mas
dispensando o dom abusivo de
trios elétricos impositivos.
Frequenta o bom humor ("Bilhete", "Bicharada"), mas enfrenta a melancolia sem ranços de autopiedade. Tristeza serena adocica "Perdi Tudo", "Broto", "Com
Ela" e a vinheta final de abandono
e sedução ("Vai sair de fininho/
vai me deixar..."). Culmina em
"Ela Me Falou", que, mesmo anterior à morte de Cássia, parece
feita sob medida para lamentar o
insondável.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
Com Ela
Artista: Lanlan
Lançamento: Maianga
Quanto: R$ 25, em média
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