São Paulo, terça-feira, 28 de março de 2006

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Visão de mercado conflita com politização da cena

DO ENVIADO ESPECIAL

O Festival de Teatro de Curitiba que concebe um eixo político na curadoria da mostra oficial, nesta 15ª edição, é o mesmo que finge que o Fringe não existe.
Criado em 1998, o evento alternativo atrai hoje 50 mil espectadores. Nos últimos anos, roubou a cena com espetáculos dignos de figurar na mostra principal.
Não por acaso, o Espanca! ("Amores Surdos") e o XIX de Teatro ("Hygiene"), outrora "paralelos", retornam agora com direito a cachê. Cachê possivelmente inferior a uma superprodução com rostos da TV, como a carioca "O Amor Imortal de Antônio e Cleópatra", dirigida por Paulo José e protagonizada por Maria Padilha e Caco Ciocler. Pois "Antônio e Cleópatra" não veio. No final, cancelou tudo "em virtude da convocação de atores pela Rede Globo". Essa desculpa foi um banho de água fria em parte da platéia curitibana que gosta de freqüentar o Guaíra só para ver peça "com ator da Globo".
Foi no palco do Guaíra, emblematicamente, que o público viu a nova montagem do Espanca! Foi no Guaíra que a Cia. dos Comuns cutucou essa "ideologia de prosecco" com "Bakulo - Os Bem Lembrados".
Curioso que o festival organizado pela iniciativa privada, com parte de recursos públicos, se deixe penetrar pela politização da cena. E, contrafação, se mostre tão insensível às reivindicações dos grupos e do público para que o teatro aconteça. (VS)


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