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Crítica/teatro/Fringe
Mostra paralela em Curitiba chega a 290 peças, mas perde em qualidade
DO ENVIADO A CURITIBA
O Fringe do Festival de
Curitiba decepcionou
e teve pouquíssimos
destaques. A opção pela quantidade -neste ano, foram 290 espetáculos- mais uma vez não
resultou em qualidade.
Diante da avalanche de produções comerciais, muitas delas antigas, de grupos locais e de
fora que aproveitam o momento aquecido do festival para aumentar o faturamento, os jovens grupos locais de pesquisa
se organizaram em duas mostras paralelas. Dos nove espetáculos dessas mostras, três merecem menção.
"As Ruas de Bagdá - Ou Aranha Marrom Não Usa Roberto
Carlos", da Cia. Acruel, é uma
criação coletiva das três atrizes
e de colaboradores. Tem altos e
baixos, mas momentos inventivos que sugerem trabalhos futuros promissores. "Juegos
Provechosos", da Cia. Silenciosa, que ocorreu no principal
calçadão da cidade, dialogou
com a tradição da performance,
discutiu questões de gênero e
conseguiu formalizar um acontecimento poético relevante.
"O Beijo", do Teatro de Breque,
é um esboço de espetáculo a
partir de texto de Mark Levine.
Sem grandes pretensões, mas
com muita criatividade, revelou dois jovens talentos Pablito
Kucarz e Uyara Torrente.
Entre os grupos locais mais
consolidados, o grande destaque foi "Árvores Abatidas ou
para Luís Melo", com texto de
Marcos Damaceno e desempenho solo de Rosana Stavis. O espetáculo, que merecia estar na
mostra oficial, parte de texto do
escritor austríaco Thomas Bernhard para fazer uma provocação ao meio teatral curitibano.
O resultado é extraordinário,
principalmente, pela interpretação antológica de Stavis. "Delicadas Embalagens", da Cia.
Senhas, também honrou o teatro de investigação curitibano.
O espetáculo, dirigido por Sueli
Araújo, tem dramaturgia criada
pelos bons atores em processo
colaborativo.
O grupo mineiro Cia. de Teatro Adulto, foi um dos grupos
experimentais brasileiros que
se arriscaram este ano no festival. Trouxe "Fala Comigo como
a Chuva", de Tennessee Williams, e o talento da atriz Samira Ávila. Da Escola Livre de
Teatro de Santo André, veio
"Sobre Dias de Campo Belo",
revelando a promessa de um jovem dramaturgo e encenador,
William Costa Lima.
(LFR)
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