São Paulo, sábado, 28 de março de 2009

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Crítica/teatro/Fringe

Mostra paralela em Curitiba chega a 290 peças, mas perde em qualidade

DO ENVIADO A CURITIBA

O Fringe do Festival de Curitiba decepcionou e teve pouquíssimos destaques. A opção pela quantidade -neste ano, foram 290 espetáculos- mais uma vez não resultou em qualidade.
Diante da avalanche de produções comerciais, muitas delas antigas, de grupos locais e de fora que aproveitam o momento aquecido do festival para aumentar o faturamento, os jovens grupos locais de pesquisa se organizaram em duas mostras paralelas. Dos nove espetáculos dessas mostras, três merecem menção.
"As Ruas de Bagdá - Ou Aranha Marrom Não Usa Roberto Carlos", da Cia. Acruel, é uma criação coletiva das três atrizes e de colaboradores. Tem altos e baixos, mas momentos inventivos que sugerem trabalhos futuros promissores. "Juegos Provechosos", da Cia. Silenciosa, que ocorreu no principal calçadão da cidade, dialogou com a tradição da performance, discutiu questões de gênero e conseguiu formalizar um acontecimento poético relevante.
"O Beijo", do Teatro de Breque, é um esboço de espetáculo a partir de texto de Mark Levine. Sem grandes pretensões, mas com muita criatividade, revelou dois jovens talentos Pablito Kucarz e Uyara Torrente.
Entre os grupos locais mais consolidados, o grande destaque foi "Árvores Abatidas ou para Luís Melo", com texto de Marcos Damaceno e desempenho solo de Rosana Stavis. O espetáculo, que merecia estar na mostra oficial, parte de texto do escritor austríaco Thomas Bernhard para fazer uma provocação ao meio teatral curitibano.
O resultado é extraordinário, principalmente, pela interpretação antológica de Stavis. "Delicadas Embalagens", da Cia. Senhas, também honrou o teatro de investigação curitibano. O espetáculo, dirigido por Sueli Araújo, tem dramaturgia criada pelos bons atores em processo colaborativo.
O grupo mineiro Cia. de Teatro Adulto, foi um dos grupos experimentais brasileiros que se arriscaram este ano no festival. Trouxe "Fala Comigo como a Chuva", de Tennessee Williams, e o talento da atriz Samira Ávila. Da Escola Livre de Teatro de Santo André, veio "Sobre Dias de Campo Belo", revelando a promessa de um jovem dramaturgo e encenador, William Costa Lima. (LFR)


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