São Paulo, domingo, 28 de março de 2010

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Crítica/série/"Modern Family"

Seriado questiona perfeição familiar

NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

A tradicional família americana (a dos comerciais de margarina) não é mais a mesma. A teledramaturgia dos EUA cria ícones faz tempo, como "Os Waltons" (da década de 70) e os Walsh (dos anos 90, de "Barrados no Baile"). Mas a série "Modern Family", mania nos Estados Unidos desde que foi lançada, no ano passado, chegou para bagunçar os tradicionais almoços de domingo e mostrar que perfeição familiar não existe.
O patriarca da família Pritchett é Jay, casado com uma colombiana gostosa e décadas mais jovem. É obrigado a dar uma de padrasto de um menino que é minoria dupla e alvo de "bullying". Além de "chicano", Manny é, pecado dos pecados em tempos atuais, gordo.
Mitchell, filho gay de Jay, é casado há cinco anos com Cameron. Os dois, que protagonizam os melhores momentos da série, acabam de adotar uma bebê vietnamita (existe algo mais tendência?), depois de terem "declinado propostas de amigas lésbicas que queriam engravidar". As tentativas de se enquadrarem no mundo dos pais "caretas" são hilárias. Uma simples ida à creche vira uma discussão sobre com que roupa ir para "pegar bem".
O núcleo formado pela filha de Jay, irmã de Mitchell, é o mais careta da trama. Claire e Phil têm três filhos, moram em uma daquelas casas enormes, são bonitos, loiros, e bem-sucedidos. Os toques de vida real (e moderna) ficam por conta de brigas do casal por razões mais que contemporâneas, como o Facebook. Sim, Phil tem muitas fãs no site, para desespero da mulher, e carrega um celular com todos os apetrechos tecnológicos. Sua desculpa é a de que é preciso estar o tempo todo em contato com os filhos, claro.
Outro drama presente na série é o conflito entre ser um pai descolado e um pai normal, que dá bronca. Os pais de antigamente eram durões e saíam pela porta de casa todos os dias com uma pasta de executivo, enquanto suas mulheres se despediam no jardim. Os de hoje não sabem muito bem o que fazer. Na hora de dar uma bronca no filho que bateu na irmã, o descolado Phil diz que aquela atitude "não é cool". E para decorar o quarto da filha, o casal gay chega ao exagero de pintar na parede uma imagem dos dois, seminus, como anjos.
"Modern Family" ainda não é exibida no Brasil, mas os maníacos por séries baixam episódios freneticamente. O sucesso não é por acaso. Os diálogos são espertos e a série faz rir (e se emocionar). O "boa noite John-Boy" e "boa noite Mary Ellen", bordão dos Waltons, foi substituído por frases menos reconfortantes. Mas bem mais reais e, por isso mesmo, divertidas.


MODERN FAMILY

Avaliação: ótimo




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