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Crítica/série/"Modern Family"
Seriado questiona perfeição familiar
NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA
A tradicional família
americana (a dos comerciais de margarina)
não é mais a mesma. A teledramaturgia dos EUA cria ícones
faz tempo, como "Os Waltons"
(da década de 70) e os Walsh
(dos anos 90, de "Barrados no
Baile"). Mas a série "Modern
Family", mania nos Estados
Unidos desde que foi lançada,
no ano passado, chegou para
bagunçar os tradicionais almoços de domingo e mostrar que
perfeição familiar não existe.
O patriarca da família Pritchett é Jay, casado com uma
colombiana gostosa e décadas
mais jovem. É obrigado a dar
uma de padrasto de um menino
que é minoria dupla e alvo de
"bullying". Além de "chicano",
Manny é, pecado dos pecados
em tempos atuais, gordo.
Mitchell, filho gay de Jay, é
casado há cinco anos com Cameron. Os dois, que protagonizam os melhores momentos da
série, acabam de adotar uma
bebê vietnamita (existe algo
mais tendência?), depois de terem "declinado propostas de
amigas lésbicas que queriam
engravidar". As tentativas de se
enquadrarem no mundo dos
pais "caretas" são hilárias. Uma
simples ida à creche vira uma
discussão sobre com que roupa
ir para "pegar bem".
O núcleo formado pela filha
de Jay, irmã de Mitchell, é o
mais careta da trama. Claire e
Phil têm três filhos, moram em
uma daquelas casas enormes,
são bonitos, loiros, e bem-sucedidos. Os toques de vida real (e
moderna) ficam por conta de
brigas do casal por razões mais
que contemporâneas, como o
Facebook. Sim, Phil tem muitas fãs no site, para desespero
da mulher, e carrega um celular
com todos os apetrechos tecnológicos. Sua desculpa é a de que
é preciso estar o tempo todo em
contato com os filhos, claro.
Outro drama presente na série é o conflito entre ser um pai
descolado e um pai normal, que
dá bronca. Os pais de antigamente eram durões e saíam pela porta de casa todos os dias
com uma pasta de executivo,
enquanto suas mulheres se
despediam no jardim. Os de hoje não sabem muito bem o que
fazer. Na hora de dar uma bronca no filho que bateu na irmã, o
descolado Phil diz que aquela
atitude "não é cool". E para decorar o quarto da filha, o casal
gay chega ao exagero de pintar
na parede uma imagem dos
dois, seminus, como anjos.
"Modern Family" ainda não
é exibida no Brasil, mas os maníacos por séries baixam episódios freneticamente. O sucesso
não é por acaso. Os diálogos são
espertos e a série faz rir (e se
emocionar). O "boa noite John-Boy" e "boa noite Mary Ellen",
bordão dos Waltons, foi substituído por frases menos reconfortantes. Mas bem mais reais
e, por isso mesmo, divertidas.
MODERN FAMILY
Avaliação: ótimo
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