São Paulo, sexta, 28 de março de 1997.

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MÚSICA
Ex-vocalista, letrista e guitarrista Ian McCulloch afirma que a banda de rock dos anos 80 retomará atividade
Echo & The Bunnymen anuncia volta

RUBENS LEME DA COSTA
especial para a Folha

Após dez anos de ausência, o Echo and the Bunnymen está de volta. Depois da morte do baterista Pete de Freitas, em 89, em um acidente de moto, o vocalista, letrista e guitarrista Ian McCulloch, abandonou o grupo que o consagrou.
Uma das mais importantes dos anos 80, herdeira direta de Doors e Velvet Underground, a banda se desmontou em 87.
Ainda fez um último disco -``Reverberation''- em 89, com um certo Noel Burke no vocal, no lugar de Ian, mas já sem Pete. Foi um fiasco. Ian tentou carreira solo, em dois discos, ``Candleland'' e ``Mysterio''.
Em entrevista concedida por telefone à Folha, Ian falou do retorno do grupo e da perda de Pete.

Folha - Por que o retorno após dez anos?
Ian McCulloch -
Para tocarmos juntos novamente. Depois do fim da banda, nós nos separamos por um tempo. A morte de Pete me abalou muito e queria dividir minhas lembranças com Will (Sergeant, guitarrista) e Les (Pattinson, baixista).
Folha - Sua carreira solo não deu muito certo. Qual o motivo?
McCulloch -
- Acho que foi a falta de inspiração e de entusiasmo para tocar. Tinha perdido meu pai, Pete e o Echo. Não podia mesmo dar muito certo.
Folha - Você montou em 95 o Electrafixion, com Will. Foi uma tentativa de reviver o espírito do Echo?
McCulloch -
Sim. Foi maravilhoso voltar a tocar com Will, ele sempre foi maluco, vinha com milhões de idéias e guitarras para o estúdio. De certa forma, era como estar voltando aos velhos tempos.
Folha - O Electrafixion acabou?
McCulloch -
Não sei dizer. Agora que chamamos Les, voltamos a ser Echo and The Bunnymen.
Folha - E quem entra no lugar de Pete de Freitas?
McCulloch -
Por enquanto não temos nenhum nome fixo. Alguns bateristas tocaram conosco em estúdio, mas ninguém é definitivo.
Folha - Você acha uma boa idéia voltar com o Echo? Não tem medo de ser chamado de ``dinossauro'' por isso?
McCulloch -
Nunca me preocupei com isso. Não voltamos para ganhar dinheiro, mas porque queríamos tocar juntos novamente.
Folha - Mas não temem decepcionar os velhos fãs?
McCulloch -
Será que ainda existem fãs do Echo? (Risos.)
Folha - Vocês farão algum novo disco?
McCulloch -
Já estamos fazendo, sim. Começamos a compor.
Folha - Você já disse que ``Killing Moon'' é sua música preferida. Como será tocar o antigo repertório nos shows?
McCulloch -
Será maravilhoso. Eu toquei ``Killing Moon'' quando estava em carreira solo. Achei que não haveria problema, pois era de minha autoria, mas foi doloroso reviver, no palco, os tempos do Echo sem Will, Les e Pete.
Folha - Você afirmou que a última vez que sentiu o Echo como banda foi na turnê de 1987, quando tocaram no Brasil.
McCulloch -
É verdade. Nunca pensei que iria gostar tanto de tocar no Brasil, como aconteceu. Foram grandes momentos.
Folha - Você se sentiu mal quando lançaram um disco do grupo sem você?
McCulloch -
Não, porque já não era mais o Echo. Achei ridículo, parecia aquelas velhas bandas de heavy, tipo Deep Purple, que voltam 200 vezes, com milhões de músicos diferentes. Fiquei um pouco triste, mas só isso.
Folha - E o futuro?
McCulloch -
Um novo trabalho, alguns shows, por enquanto é isso.
Folha - Vocês são de Liverpool, como os Beatles. A ``volta'' deles de alguma forma motivou o Echo a fazer o mesmo?
McCulloch -
Ah, meu Deus, não. Eles voltaram por uma questão só deles, talvez por dinheiro, não sei dizer. Mas se os Beatles, estão de volta sem John Lennon, por que não poderíamos fazer o mesmo?

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