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MÚSICA
Ex-vocalista, letrista e guitarrista Ian McCulloch afirma que a banda de rock dos anos 80 retomará atividade
Echo & The Bunnymen anuncia volta
RUBENS LEME DA COSTA
especial para a Folha
Após dez anos de ausência, o
Echo and the Bunnymen está de
volta. Depois da morte do baterista
Pete de Freitas, em 89, em um acidente de moto, o vocalista, letrista
e guitarrista Ian McCulloch, abandonou o grupo que o consagrou.
Uma das mais importantes dos
anos 80, herdeira direta de Doors e
Velvet Underground, a banda se
desmontou em 87.
Ainda fez um último disco
-``Reverberation''- em 89, com
um certo Noel Burke no vocal, no
lugar de Ian, mas já sem Pete. Foi
um fiasco. Ian tentou carreira solo,
em dois discos, ``Candleland'' e
``Mysterio''.
Em entrevista concedida por telefone à Folha, Ian falou do retorno do grupo e da perda de Pete.
Folha - Por que o retorno após
dez anos?
Ian McCulloch - Para tocarmos
juntos novamente. Depois do fim
da banda, nós nos separamos por
um tempo. A morte de Pete me
abalou muito e queria dividir minhas lembranças com Will (Sergeant, guitarrista) e Les (Pattinson, baixista).
Folha - Sua carreira solo não deu
muito certo. Qual o motivo?
McCulloch - - Acho que foi a falta de inspiração e de entusiasmo
para tocar. Tinha perdido meu pai,
Pete e o Echo. Não podia mesmo
dar muito certo.
Folha - Você montou em 95 o
Electrafixion, com Will. Foi uma
tentativa de reviver o espírito do
Echo?
McCulloch - Sim. Foi maravilhoso voltar a tocar com Will, ele
sempre foi maluco, vinha com milhões de idéias e guitarras para o
estúdio. De certa forma, era como
estar voltando aos velhos tempos.
Folha - O Electrafixion acabou?
McCulloch - Não sei dizer. Agora que chamamos Les, voltamos a
ser Echo and The Bunnymen.
Folha - E quem entra no lugar de
Pete de Freitas?
McCulloch -Por enquanto não
temos nenhum nome fixo. Alguns
bateristas tocaram conosco em estúdio, mas ninguém é definitivo.
Folha - Você acha uma boa idéia
voltar com o Echo? Não tem medo
de ser chamado de ``dinossauro''
por isso?
McCulloch - Nunca me preocupei com isso. Não voltamos para
ganhar dinheiro, mas porque queríamos tocar juntos novamente.
Folha - Mas não temem decepcionar os velhos fãs?
McCulloch -Será que ainda existem fãs do Echo? (Risos.)
Folha - Vocês farão algum novo
disco?
McCulloch - Já estamos fazendo, sim. Começamos a compor.
Folha - Você já disse que ``Killing
Moon'' é sua música preferida. Como será tocar o antigo repertório
nos shows?
McCulloch - Será maravilhoso.
Eu toquei ``Killing Moon'' quando
estava em carreira solo. Achei que
não haveria problema, pois era de
minha autoria, mas foi doloroso
reviver, no palco, os tempos do
Echo sem Will, Les e Pete.
Folha - Você afirmou que a última vez que sentiu o Echo como
banda foi na turnê de 1987, quando tocaram no Brasil.
McCulloch - É verdade. Nunca
pensei que iria gostar tanto de tocar no Brasil, como aconteceu. Foram grandes momentos.
Folha - Você se sentiu mal quando lançaram um disco do grupo
sem você?
McCulloch - Não, porque já não
era mais o Echo. Achei ridículo,
parecia aquelas velhas bandas de
heavy, tipo Deep Purple, que voltam 200 vezes, com milhões de
músicos diferentes. Fiquei um
pouco triste, mas só isso.
Folha - E o futuro?
McCulloch -Um novo trabalho,
alguns shows, por enquanto é isso.
Folha - Vocês são de Liverpool,
como os Beatles. A ``volta'' deles
de alguma forma motivou o Echo a
fazer o mesmo?
McCulloch -Ah, meu Deus, não.
Eles voltaram por uma questão só
deles, talvez por dinheiro, não sei
dizer. Mas se os Beatles, estão de
volta sem John Lennon, por que
não poderíamos fazer o mesmo?
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