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"Brasilidade" é despojada
Do Universo Online
Apesar da influência européia, preponderantemente portuguesa, há um
traço muito peculiar e visível em vários períodos da
evolução do mobiliário
brasileiro: o despojamento
das peças.
Para Marlene Acayaba,
diretora do museu, o caráter despojado do móvel
brasileiro se dá também por
uma soma de precariedades: "As reproduções locais, desde o século 17,
eram feitas não a partir de
protótipos, mas por descrições escritas, orais e desenhos. O artesão brasileiro,
quando ia fazer uma cópia,
um móvel à moda de, acabava tendo de inventar".
Além dessa adaptação
criativa no desenho do móvel, os materiais originais
dos modelos não resistiam
ao clima. As espécies de
madeira mais usadas nos
móveis europeus não suportavam as temperaturas
e os cupins.
"Esse foi um grande impulsionador da descoberta
das madeiras brasileiras e
de suas características, em
várias regiões do país."
Sem formação profissional tradicional, o artesão
-em geral autodidata-
também não tinha instrumentos e ferramentas sofisticadas. Na hora de executar o projeto do móvel, ele
simplificava ornamentos,
detalhes, encaixes, ferragens e rebuscamentos.
O clima também despiu o
mobiliário de estofamentos
de veludo e tecidos pesados, obrigando maior ventilação de encostos e diminuição do peso.
"Se analisarmos os móveis tradicionais e os móveis de designers do século
20, na Europa, vamos encontrar grandes rupturas
de estilos, materiais. No
Brasil, a mobília da nossa
tradição é ecologicamente
bem adaptada, desde o início", diz Acayaba.
"O móvel popular brasileiro sempre foi um erudito
mais "clean'. O resultado é
que no mobiliário popular
temos peças básicas e muito próximas do móvel moderno", afirma.
E são esses móveis mais
populares a base do acervo
do museu, formado por coleções vindas de fazendas e
casas do Estado de São Paulo. A partir desta mostra, o
museu espera trazer para
São Paulo exposições de
acervos mais eruditos como os dos museus Castro
Maia, do Rio, e Costa Pinto,
de Salvador.
(MG)
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