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PROJETO
Média-metragem faz parte do longa "Traição",produção da Conspiração Filmes que deve chegar aos cinemas no final de agosto
´Diabólica´ de Nelson Rodrigues vai às telas
CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio
Uma menina de 13 anos é estrangulada. O assassino é o noivo de
sua irmã mais velha, corroído pela
culpa de ter se deixado seduzir pela
futura cunhada. ``Diabólica'', filme baseado em um conto de Nelson Rodrigues, chega às telas em
agosto pelas mãos do diretor estreante Claudio Torres.
Para o seu primeiro filme de ficção, Torres trouxe um elenco estelar. A noiva traída, Dagmar, é interpretada por sua irmã, Fernanda
Torres. O noivo assassino, Geraldo, é Daniel Dantas. A menina,
Alice, é Ludmila Dayer, a revelação de ``Carlota Joaquina'', filme
de Carla Camuratti.
Ainda há mais: Fernanda Montenegro trabalha pela primeira vez
sob a direção do filho, no papel de
D. Irene, mãe de Dagmar e Alice.
Francisco Cuoco, que faz sua segunda participação em cinema, é o
delegado Santos. Jorge Dória interpreta o coronel Reinaldo, pai
das duas moças.
``Diabólica'' é um dos três episódios de ``Traição'', o primeiro longa-metragem produzido pela
Conspiração Filmes. Os outros
dois episódios, também baseados
em contos de Nelson Rodrigues,
são ``O Primeiro Pecado'', dirigido por Arthur Fontes, e ``Cachorro'', de José Henrique Fonseca.
Apesar de ser um média-metragem -terá cerca de 40 minutos de
duração-, o filme foi estruturado
como um longa-metragem.
``Os personagens são complexos, têm nuanças. A Dagmar, por
exemplo, é uma espécie de rainha
má, mas que acaba sendo uma espécie de heroína porque percebe
como a irmã manipula a família'',
diz Fernanda Torres.
``É um filme sem heróis, onde
todos são vítimas e culpados'', explica o diretor.
Claudio Torres optou por uma
visão ``gótico-barroca'' do universo rodrigueano. Grande parte das
sequências foi filmada à noite. A
fotografia de Breno Silveira e a direção de arte de Gualter Pupo ajudam a criar o clima sombrio.
``Queria criar um clima soturno
para resgatar um lado fantástico de
Nelson Rodrigues, mais sensual do
que sexual'', explica.
Por isso, diz o diretor, não há nudez nem cenas de sexo.
Tropel
Torres afirma que, em sua primeira experiência na ficção, trabalhou com ``um tropel de atores''.
``Foi o filme do ego louco. Nunca vi tantos atores brigando pelo
primeiro plano'', diz Fernanda
Torres, rindo.
Para o diretor, a experiência de
dirigir a mãe e a irmã foi emocionante. ``Foi muito engraçado dizer `corta, mamãe, foi ótimo'. Foi
interessante trazer minha família
para o convívio profissional. Um
sabe o que o outro está pensando e
isso funciona muito bem'', afirma
Torres.
Agora, o diretor pensa em trabalhar com o pai, Fernando Torres.
Em ``Diabólica'', na avaliação de
Torres, não havia um papel adequado para ele.
``Não quis queimar meu pai em
um papel secundário. Além do
mais, ele é muito apegado àquela
barba. Vou guardá-lo para outro
trabalho'', diz.
As filmagens de ``Diabólica'' terminaram na sexta-feira. Agora,
Claudio e Fernanda Torres iniciam
um novo trabalho: convencer Roberto Carlos a ceder os direitos da
música ``Traumas'' para ser o tema do filme.
O compositor será consultado
nos próximos dias pela dupla.``Ouço essa música o dia inteiro e não consigo imaginar outra.
Ela é perfeita para o clima do filme'', diz Torres.
Os outros dois episódios de
``Traição'' já estão em fase de finalização. O filme deverá ser lançado
no final de agosto.
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