São Paulo, segunda, 28 de abril de 1997.

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PROJETO
Média-metragem faz parte do longa "Traição",produção da Conspiração Filmes que deve chegar aos cinemas no final de agosto
´Diabólica´ de Nelson Rodrigues vai às telas

CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio

Uma menina de 13 anos é estrangulada. O assassino é o noivo de sua irmã mais velha, corroído pela culpa de ter se deixado seduzir pela futura cunhada. ``Diabólica'', filme baseado em um conto de Nelson Rodrigues, chega às telas em agosto pelas mãos do diretor estreante Claudio Torres.
Para o seu primeiro filme de ficção, Torres trouxe um elenco estelar. A noiva traída, Dagmar, é interpretada por sua irmã, Fernanda Torres. O noivo assassino, Geraldo, é Daniel Dantas. A menina, Alice, é Ludmila Dayer, a revelação de ``Carlota Joaquina'', filme de Carla Camuratti.
Ainda há mais: Fernanda Montenegro trabalha pela primeira vez sob a direção do filho, no papel de D. Irene, mãe de Dagmar e Alice.
Francisco Cuoco, que faz sua segunda participação em cinema, é o delegado Santos. Jorge Dória interpreta o coronel Reinaldo, pai das duas moças.
``Diabólica'' é um dos três episódios de ``Traição'', o primeiro longa-metragem produzido pela Conspiração Filmes. Os outros dois episódios, também baseados em contos de Nelson Rodrigues, são ``O Primeiro Pecado'', dirigido por Arthur Fontes, e ``Cachorro'', de José Henrique Fonseca.
Apesar de ser um média-metragem -terá cerca de 40 minutos de duração-, o filme foi estruturado como um longa-metragem.
``Os personagens são complexos, têm nuanças. A Dagmar, por exemplo, é uma espécie de rainha má, mas que acaba sendo uma espécie de heroína porque percebe como a irmã manipula a família'', diz Fernanda Torres.
``É um filme sem heróis, onde todos são vítimas e culpados'', explica o diretor.
Claudio Torres optou por uma visão ``gótico-barroca'' do universo rodrigueano. Grande parte das sequências foi filmada à noite. A fotografia de Breno Silveira e a direção de arte de Gualter Pupo ajudam a criar o clima sombrio.
``Queria criar um clima soturno para resgatar um lado fantástico de Nelson Rodrigues, mais sensual do que sexual'', explica.
Por isso, diz o diretor, não há nudez nem cenas de sexo.
Tropel
Torres afirma que, em sua primeira experiência na ficção, trabalhou com ``um tropel de atores''.
``Foi o filme do ego louco. Nunca vi tantos atores brigando pelo primeiro plano'', diz Fernanda Torres, rindo.
Para o diretor, a experiência de dirigir a mãe e a irmã foi emocionante. ``Foi muito engraçado dizer `corta, mamãe, foi ótimo'. Foi interessante trazer minha família para o convívio profissional. Um sabe o que o outro está pensando e isso funciona muito bem'', afirma Torres.
Agora, o diretor pensa em trabalhar com o pai, Fernando Torres. Em ``Diabólica'', na avaliação de Torres, não havia um papel adequado para ele.
``Não quis queimar meu pai em um papel secundário. Além do mais, ele é muito apegado àquela barba. Vou guardá-lo para outro trabalho'', diz.
As filmagens de ``Diabólica'' terminaram na sexta-feira. Agora, Claudio e Fernanda Torres iniciam um novo trabalho: convencer Roberto Carlos a ceder os direitos da música ``Traumas'' para ser o tema do filme.
O compositor será consultado nos próximos dias pela dupla.``Ouço essa música o dia inteiro e não consigo imaginar outra. Ela é perfeita para o clima do filme'', diz Torres.
Os outros dois episódios de ``Traição'' já estão em fase de finalização. O filme deverá ser lançado no final de agosto.

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