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O ASTRONAUTA
"O homem não foi a Marte porque não quis"
especial para a Folha, em Los Angeles
Ele foi contratado para inserir
realidade em "Missão: Marte".
Story Musgrave, 65, o astronauta
com mais horas no espaço do
mundo, abraçou o projeto e diz
que os acontecimentos do filme
são baseados em modelos absolutamente reais.
"O homem não foi a Marte até
agora por um simples motivo:
porque não quis", disse o astronauta à reportagem da Folha.
"Há 40 anos, as prioridades estabelecidas pelo governo americano foram missões na órbita da
terra. Se tivéssemos como objetivo colocar o homem em Marte, já
estaríamos lá", garantiu.
O astronauta não concorda
com a estratégia. "Devemos buscar respostas às grandes perguntas dos seres humanos e elas estão
lá fora", explicou.
Talvez por isso ele tenha mergulhado com tanto ímpeto no
projeto de De Palma. Musgrave e
outros técnicos da Nasa trabalharam na revisão do roteiro para
deixá-lo mais verossímil, mas o
veterano astronauta foi o único a
estar no set durante os quase cinco meses de filmagem, orientando os atores em todas as cenas
que envolviam gravidade zero.
"Quando cheguei a Vancouver,
onde o set foi montado, fiquei arrepiado. Eram mais de 55 acres de
terra, transformados com perfeição na superfície de Marte. Quase
480 mil litros de tinta foram necessários para chegar àquele perfeccionismo", contou.
"O filme é uma obra de arte no
que diz respeito à imitação da superfície do planeta vermelho.
Nem Marte deve se parecer tanto
com Marte", brincou.
"Quando digo que a trama é
real, levo em consideração que o
homem não foi a Marte e, por hora, não planeja ir. A tecnologia, a
relação entre tempo e espaço e as
teorias exploradas no filme, por
mais malucas que pareçam, são
todas baseadas em fatos. Mas é
bom lembrar que o resto é ficção", observa o astronauta.
Para ele, o filme é sobre a trajetória do personagem vivido por
Gary Sinise. A viagem a Marte é o
pano de fundo". "Marte sempre
nos intrigou porque está logo ali
e, dos planetas do sistema solar, é
o que mais se assemelha à Terra.
Por isso tanta curiosidade".
Mas o interesse de Hollywood
pelo planeta vermelho manifestou-se um pouco mais tarde. Em
tempo e espaço hollywoodianos,
o que aconteceu foi uma chuva de
roteiros sobre o tema quando, em
1997, a Pathfinder pousou por lá.
Escritores e produtores aproveitaram o acontecimento para
viajar em histórias sobre o assunto. Duas delas receberam sinal
verde - além de "Missão: Marte",
"Red Planet" (Planeta Vermelho), com Val Kilmer, está em fase de pós-produção e deve estrear
até o final do ano. Luxos de Hollywood: na falta de uma missão a
Marte, haverá duas.
Fato é que quando, em 1989, o
então presidente George Bush
pediu ao congresso um plano para levar o homem a Marte, o custo
inicial apresentado (US$ 450 bilhões) e o tempo estimado para
realizar a missão (30 anos) engavetaram o projeto.
Mas Hollywood precisou de
US$ 100 milhões e dois anos para
fincar a bandeira dos EUA na superfície vermelha e realizar mais
um grande sonho americano.
(ML)
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