São Paulo, quinta-feira, 28 de abril de 2005

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ARTES PLÁSTICAS

Evento focado em modernos e contemporâneos começa com um representante estrangeiro e sem alguns brasileiros

Desfalcada, feira reúne 41 galerias em SP

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Finalmente não vamos mais competir com penicos de ouro", brinca a marchand Paula Petrarca, que participa da SP Arte, feira dedicada à arte moderna e contemporânea, que é aberta, hoje, para o público, em São Paulo.
Apesar de ser o centro do mercado da arte no Brasil, São Paulo não tinha uma feira dedicada só à produção moderna e contemporânea. O Salão de Arte e Antigüidade da Hebraica, que existe há mais de dez anos, mescla vários estilos e, de fato, coloca expoentes da produção nacional ao lado de objetos decorativos. Tentativa de feira nos moldes da SP Arte foi organizada em 2002, pela extinta BrasilConnects, de Edemar Cid Ferreira, durante a 25ª Bienal, mas não houve continuidade.
Apesar de contar com 41 galerias, a SP Arte dá seus primeiros passos sem conseguir reunir algumas das galerias paulistanas com maior prestígio no mercado da produção contemporânea, como Luiza Strina, Fortes Vilaça e Millan Antonio, representantes de nomes fundamentais como Cildo Meireles, Ernesto Neto, Adriana Varejão, Marepe e Tunga.
"Não participo, pois já tomo parte de várias feiras internacionais, é impossível realizar todas as feiras existentes", diz André Millan. "Essas galerias têm foco no mercado internacional, mas eu acho que o mercado internacional é importante, só que não se pode deixar de trabalhar com o interno", conta Fernanda Dinamarco Feitosa, diretora-geral da feira.
Colecionadora há dez anos, Feitosa, que viveu na Argentina, onde há 14 anos é realizada a ArteBa, feira dedicada à arte moderna e contemporânea, usou o modelo portenho como inspiração para a SP Arte. "A feira pode funcionar como um primeiro contato para colecionadores, pois abarca uma diversidade num só local."
Mesmo sem as galerias pesos pesados, alguns dos artistas por elas representados estão à venda em outros espaços, em geral galerias que possuem obras desses artistas em seu acervo, caso de Tunga, que está em duas galerias, ou Cildo Meireles, em outras três.
Entretanto, há outras galerias também importantes na cena contemporânea e no mercado internacional, caso de Nara Roesler e Ricardo Trevisan. "Estou achando essa feira mais bem organizada que a Arco [na Espanha]", diz Trevisan. Para o galerista, há uma grande vantagem na realização de uma feira em São Paulo: "Aqui, posso mudar as obras no decorrer da feira, pois não há dificuldades para o transporte. Vou alterar os trabalhos exibidos todos os dias".
Seguindo os padrões das feiras internacionais, a SP Arte conta com uma programação paralela, ainda modesta, com painel de debates e mostra de videoarte, disponíveis em www.sp-arte.com.
Ao contrário da BrasilConnects, a SP Arte já aposta na sua continuidade. No próximo ano, também no primeiro semestre, a feira já tem data agendada no pavilhão da Bienal e espera aumentar o número de galerias, especialmente internacionais, que nesta primeira edição conta apenas com a uruguaia Sur. "Gostaria de, daqui a dez anos, ser uma marca tão forte como a Arco e a Basel, mas sei que é preciso tempo. Afinal a Basel já existe há 35 anos", diz Feitosa.


SP Arte
Quando:
hoje e amanhã, das 14h às 22h; sáb. e dom., das 12h às 20h
Onde: pavilhão da Bienal (portão 3 do pq. Ibirapuera, tel. 0/xx/11/3032-7576)
Quanto: R$ 15
Patrocinadores: Vivo e Unibanco


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