|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
foi bom
Evento une fantasia e realidade
GILBERTO DIMENSTEIN
COLUNISTA DA FOLHA
A caminhada pela
madrugada me
causou sensações
contraditórias. Sentia-me
estrangeiro, como se não
estivesse em São Paulo e,
ao mesmo tempo, experimentava a emoção do contato com a essência tão familiar de uma cidade.
Definitivamente não faz
parte de nossa paisagem
urbana tanta gente diferente ocupando as ruas tão
alegremente, sem medo e
sem carros. Mas faz parte
da alma paulistana tanta
diversidade. Por isso,
aquela madrugada apinhada de gente, na qual se
podia ouvir de um Nelson
Ned, no Arouche, e ver os
movimentos de uma Ana
Botafogo, no Anhangabaú,
misturou na mesma medida realidade e irrealidade.
Toda aquela fantasia de
24 horas tinha uma dose
muito forte de realidade,
porque integra a lógica de
uma população que não
suporta mais a clausura e
pede mais espaço e liberdade. Como já vimos em
NY, a retomada do centro
é apenas a conseqüência
geográfica da busca de
uma centralidade maior.
São Paulo ainda está muito longe de ser aquela madrugada. Mas é parte de
seu imaginário chegar lá.
Ficou uma marca na construção de um imaginário
coletivo sobre o que deve
ser uma cidade -assim como as multidões que ocuparam o Vale do Anhangabaú, no começo da década
de 1980, com a campanha
das Diretas, ajudaram a
construir a imagem de
uma nação democrática.
Texto Anterior: Palcos temáticos encontram seu público Próximo Texto: Nem tanto: O paulistano não retomou o centro de SP Índice
|