São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 2008

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foi bom

Evento une fantasia e realidade

GILBERTO DIMENSTEIN
COLUNISTA DA FOLHA

A caminhada pela madrugada me causou sensações contraditórias. Sentia-me estrangeiro, como se não estivesse em São Paulo e, ao mesmo tempo, experimentava a emoção do contato com a essência tão familiar de uma cidade.
Definitivamente não faz parte de nossa paisagem urbana tanta gente diferente ocupando as ruas tão alegremente, sem medo e sem carros. Mas faz parte da alma paulistana tanta diversidade. Por isso, aquela madrugada apinhada de gente, na qual se podia ouvir de um Nelson Ned, no Arouche, e ver os movimentos de uma Ana Botafogo, no Anhangabaú, misturou na mesma medida realidade e irrealidade.
Toda aquela fantasia de 24 horas tinha uma dose muito forte de realidade, porque integra a lógica de uma população que não suporta mais a clausura e pede mais espaço e liberdade. Como já vimos em NY, a retomada do centro é apenas a conseqüência geográfica da busca de uma centralidade maior. São Paulo ainda está muito longe de ser aquela madrugada. Mas é parte de seu imaginário chegar lá. Ficou uma marca na construção de um imaginário coletivo sobre o que deve ser uma cidade -assim como as multidões que ocuparam o Vale do Anhangabaú, no começo da década de 1980, com a campanha das Diretas, ajudaram a construir a imagem de uma nação democrática.


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