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Evento em SP celebra reedições de Lygia
Com obra agora na Companhia das Letras,
escritora é lembrada em três noites no Sesc
"As Meninas", "Antes do Baile Verde" e "Invenção e Memória" abrem reedições, com capas de Beatriz Milhazes e fortuna crítica
RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL
Lygia Fagundes Telles, 86,
lembra que chorou, em 1973, ao
terminar de escrever "As Meninas", tão apegada estava às três
personagens centrais. Superada a melancolia da despedida,
não voltou a ler o romance.
Trinta e cinco anos depois, a
escritora paulistana reencontrou suas crias Ana Clara, Lia e
Lorena e descobriu entre elas
algo que não estava lá antes. "O
que revisores pintaram e bordaram no meu texto [ao longo
dos anos]! Não é que eu lembre,
mas eram vírgulas que eu não
poderia ter colocado", diz.
O que a levou a se debruçar
sobre a obra foi uma mudança
que, como ela gosta de dizer,
tem algo de casamento novo.
Depois de sete anos na editora
Rocco, Lygia mudou-se, com
"As Meninas" e mais 11 títulos,
para a Companhia das Letras.
"Eu estava fazia muito tempo
lá [na Rocco], acho que estavam
enjoados de mim", diz, em tom
de brincadeira. "De vez em
quando, é bom para o escritor
mudar, e para o editor. É como
num casamento, você vai levando, está tudo bem, vai tomar cerveja com o marido e, de
repente, encontra outro."
A nova união, que já levou de
volta às livrarias "As Meninas"
e os livros de contos "Antes do
Baile Verde" (1970) e "Invenção e Memória" (2000), será
oficializada hoje, no primeiro
de três eventos no Sesc Vila
Mariana. O lançamento incluirá leitura de textos de Lygia e
um debate com o conselho editorial da reedição -o historiador Alberto da Costa e Silva, o
professor de literatura Antonio
Dimas e a antropóloga Lilia
Moritz Schwarcz (leia ao lado).
Além de novas capas, com
desenhos de Beatriz Milhazes,
e da rigorosa revisão, as novas
edições incluem fortuna crítica
-reunida pela própria escritora, com textos de Carlos Drummond de Andrade e José Paulo
Paes, entre outros- e posfácios
de autores como Cristovão
Tezza e Ana Maria Machado.
Respiro
"Estou velha, mas não tem
importância. Dar uma respirada assim faz um bem enorme",
diz a escritora, discretamente
maquiada, em seu apartamento
nos Jardins, em São Paulo.
Cercada de memórias -seja
nas histórias que conta sobre
cada um de seus textos, seja nos
detalhes de sua sala, como a velha máquina de escrever e os
quadros com ilustrações do filho Goffredo Telles Neto (1952-2006)-, Lygia aproveita o respiro para pensar em escrever
novamente. Um "breve romance", diz -será o primeiro desde
"As Horas Nuas" (1989); de lá
para cá, lançou apenas contos.
Mas isso vai demorar um pouco. "Agora, com o lançamento,
é cansativo. Deixa primeiro eu
sossegar o peito, ou o pito, como me diziam na infância", diz.
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