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Empresa de cosméticos banca discos de MPB
Natura está financiando os próximos álbuns de artistas como Carlinhos Brown, Vanessa da Mata e Marcelo Jeneci
Especialistas dizem que nova configuração do mercado é consequência
da crise e da grande quantidade de artistas
DA REPORTAGEM LOCAL
Os novos discos de Carlinhos
Brown, Vanessa da Mata e
Marcelo Jeneci estão sendo
gestados não com a ajuda de
gravadoras, mas da Natura. A
empresa de cosméticos está
bancando todos os custos de
produção dos álbuns. Além disso, financiará, coma ajuda de
leis de incentivo fiscal, vários
shows desses artistas.
A empresa não divulga quanto gasta em seu projeto Natura
Musical. A iniciativa envolve
ainda um programa de rádio
(na Eldorado) e um site com
conteúdo de música brasileira.
Segundo Renata Sbardelini,
gerente de marketing institucional da marca, os artistas têm
"total liberdade" para escolher
como gravar os discos e distribui-los. "Não interferimos no
preço do CD", diz a executiva.
Em relação aos shows, ela diz
que, por fazer uso de incentivo
fiscal (30% dos custos; o restante é patrocínio direto), os ingressos necessariamente têm
de ter preços "populares".
As gravadoras estão se tornando supérfluas? Serão extintas? Alexandre Schiavo, presidente da Sony, acha que não.
"Essa movimentação acontece no mercado americano. Aqui
no Brasil é novidade. É algo
saudável. É um mercado que se
encontra cada vez mais diversificado e é rentável. A questão é
saber como trabalhar a música
diante do mercado atual. É saber se adaptar."
Para Schiavo, quem busca
patrocinar um artista ou um
disco procura normalmente alguém já estabelecido: "Dificilmente você encontrará uma
marca disposta a dar dinheiro
para alguém desconhecido".
Rafael Rossato, da Agência de
Música -que cuida da carreira
de Mallu Magalhães, pensa diferente: "Tem muito artista na
rua, muita coisa acontecendo.
E as marcas estão interessadas
em entrar nesse negócio. Perceberam que podem fazer
ações diretamente com os artistas, sem passar por gravadoras. Mas os artistas realmente
grandes permanecerão nas gravadoras. Para as empresas de
fora, é uma oportunidade de fazer negócio com artistas médios ou iniciantes".
O produtor cultural Pena
Schmidt segue linha de raciocínio parecida: "Essa crise [da indústria fonográfica] já existe há
algum tempo, então percebeu-se que o problema era o setor
fonográfico. Esse setor dançou,
mas a música vai muito bem. A
música não para de ser feita, e
os artistas estão se tornando
autônomos. Há uma mudança
de modelo muito grande, muito
abrangente".
Mudança de modelo fez a
agência de DJs 3Plus. A empresa está custeando o primeiro
disco da celebrada banda Copacabana Club, que está sendo
produzido por Dudu Marote
(Pato Fu, Skank). Quando o álbum estiver pronto, será distribuído de forma singular: quem
contratar o show do grupo receberá uma quantidade de CDs
para comercializar ou distribuir gratuitamente.
Outra empresa namorando
esse ambiente é a agência de
comunicação Cinnamon. De
assessoria a empresas de cinema, a Cinnamon entrou no
mercado de shows pop. Em
parceria com a agência Inker,
fará os shows de Cat Power,
Mudhoney e Yann Tiersen na
Virada Paulista, em maio.
(THIAGO NEY)
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