São Paulo, quarta, 28 de maio de 1997.



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CINEMA
Atriz nega Palma "humanitária"
Adjani defende premiação de Cannes

AMIR LABAKI
da Equipe de Articulistas

Rompendo o pacto de silêncio que pesa sobre presidentes de júris de mostras internacionais de cinema, a atriz francesa Isabelle Adjani saiu em defesa da polêmica premiação do Festival Internacional de Cinema de Cannes de 1997, encerrado na semana passada.
Em entrevista, no final da última semana, ao vespertino francês "Le Monde", a atriz de "Possessão" voltou-se contra os que classificaram de política a concessão da Palma de Ouro aos filmes "O Gosto da Cereja", do iraniano Abbas Kiarostami, e "A Enguia", do japonês Shohei Imamura.
"Não quisemos de maneira alguma fazer uma premiação humanitária: não se tratava de recompensar as boas causas, mas os grandes filmes", disse Isabelle Adjani.
"A dupla Palma de Ouro apareceu como uma necessidade, já que pretendíamos que cada filme obtivesse a premiação que nos parecia justa", completou.
A atriz reconheceu que "os debates que aconteceram nos últimos dias se desenvolveram dentro de grande tensão".
Violência
O foco central era a violência como tema prioritário dos filmes em competição.
"Uma parte do júri afirmava que nenhuma mensagem antivida deveria ser difundida -ou, pelo menos, não apoiada. Mas um filme mostrando o terror é forçosamente favorável ao terror?", perguntou.
Em seguida, Adjani foi mais explícita, nomeando o filme "Funny Games", do austríaco Michael Hanecke, como o centro das discussões.
"Funny Games" retrata com crueza e auto-referência o massacre de uma família por dois jovens desocupados.
"Do meu ponto de vista, o filme deveria ser defendido, mas como se fazer compreender? Uma premiação não é acompanhada de um texto explicativo, deve ser auto-explicativa", assumiu Adjani.




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