São Paulo, sexta-feira, 28 de maio de 2004 |
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CINEMA/ESTRÉIAS Com orçamento de R$ 1 milhão, diretor tenta furar bloqueio do hermetismo no 30º longa de sua carreira Bressane convoca Eros contra o tempo
JOSÉ GERALDO COUTO MOTIVAÇÃO - "Passei anos estudando a literatura e a pintura referentes às três Graças. Procurei seu
significado, o significado platônico, o significado aristotélico, a que
tipo de filosofia o jogo e as metamorfoses do jardim de Vênus estão ligados. Obviamente as centenas de representações das três
Graças foram uma coisa que
acompanhou a construção desse
filme." HOMENS COMUNS - "Como já foi
observado por muitos estudiosos,
o mito sai da miséria. Então, veio
a idéia de fazer com que essa fábula suburbana também saísse da
miséria. Daí a ênfase nessa questão do homem comum e o próprio sentido da vida escrava do
trabalho. O dom que você possa
ter de criar um hiato no calvário,
de sentir prazer. Mesmo que a
coisa depois retorne, e que essa civilização do trabalho seja triunfante." PORNOGRAFIA - "Meu filme tem
uma aproximação muito grande
com o filme pornográfico. É um
cinema tabu, de que você não fala,
não vê, e é talvez o cinema mais
popular. Como qualquer outro
gênero, tem bom e mau cinema.
No "Tabu" [de 1982], tive a sorte de
ter em mãos alguns exemplos de
filmes pornográficos mudos dos
anos 20 e 30, franceses e alemães,
e selecionei algumas cenas que
considerei pérolas de cinema. O
problema do filme pornográfico é
a dificuldade de ver as próprias
cenas. É uma coisa que perturba
de tal maneira que você não tem
serenidade para poder julgar. As
pessoas ficam muito abaladas
com o filme pornográfico." SGANZERLA - "Para mim, "O Signo do Caos" teve o impacto que
deve ter tido, na sua época, a anatomia do [Friedrich] Henle. De
você descobrir que dentro daquele negócio tem uma nova ciência,
uma ciência sem nome, essa do
signo cinematográfico. O Rogério
era talvez um dos cineastas mais
eruditos de todo o cinema. O Rogério é maior que o Godard. Mas
teve que fazer a costura da bolsa
do lado contrário. Ele inventou no
Brasil uma coisa que até hoje não
se conseguiu fazer, que é o cinema
popular sofisticado. Ele criou isso
com "O Bandido da Luz Vermelha" e sobretudo com "A Mulher
de Todos"." CLEÓPATRA - "A "Cleópatra" que
vou fazer é uma versão cinematográfica do mito antigo da Cleópatra. É o signo da Cleópatra sob o
ponto de vista do que existiu de
narrativa textual sobre ela, que é
sobretudo o texto de Plutarco.
Não é uma versão moderna, nova,
da Cleópatra, mas o contrário: é
uma versão antiga da Cleópatra." |
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