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Cubano vê cidades reais e fictícias
DA REPORTAGEM LOCAL
As cidades "reais" e as descritas
nos livros se cruzam nos pontos
do "Mapa dos Viajantes", obra do
cubano Carlos Garaicoa, 38, que
inaugura exposição individual
hoje na galeria Luisa Strina.
Com alfinetes coloridos pregados à parede, o artista monta um
mapa-múndi. De alguns pontos,
pendem fragmentos literários:
Jorge Luis Borges falando sobre
Genebra e Buenos Aires, Octávio
Paz em um relato sobre a Índia,
Charles Darwin descrevendo a
Bahia e o Rio, e trechos de "Cidades Invisíveis", de Ítalo Calvino.
A obra seria apresentada na
próxima Bienal de Veneza, mas o
artista mudou de planos. Selecionado para a exibição no pavilhão
Arsenal, preferiu realizar um projeto que recria uma cidade usando luzes e fumaça, chamado "Como a Terra Quer Parecer o Céu".
Garaicoa é habitual freqüentador das bienais, já participou da
Documenta, na Alemanha, e esteve na de São Paulo duas vezes. No
ano passado, ele exibiu aqui desenhos de pontes e construções, feitos com alfinete e linha de costura.
Na galeria, ele usa a mesma técnica em um grande desenho de
um navio cercado de guindastes.
Ao lado, ele apresenta dois livros-objetos, nos quais dobraduras se projetam conforme as páginas são manipuladas. São planos
impraticáveis para a reabilitação
de espaços em Mineápolis, nos
EUA, e em Havana, onde vive.
O olhar sobre a cidade e a transformação delas são recorrentes
em sua obra. "Ao mesmo tempo
que me interesso pela cidade decadente e em ruínas, observo a rápida transformação delas."
"Em Cuba, a urbanização pouco evoluiu e há mais restauração
do que construção. Ainda assim, a
Havana da minha infância não
existe mais", conta.
As recordações de Havana de
quatro cubanos que foram à
Guerra de Angola estão em um
dos três vídeos, que, segundo ele,
são fortes em termos políticos.
Nova York aparece em um díptico no qual se contrapõem um
mapa da cidade no século 17 e um
backlight com uma foto de 1996.
"Depois do 11 de Setembro, Nova York se tornou mais provinciana, menos aberta ao intercâmbio", afirma. Apesar de há dois
anos não conseguir visto para os
EUA, o artista continua sendo
convidado para expor em museus
americanos. Ele é um dos quatro
selecionados da próxima mostra
"New Photography", no MoMA
de NY. (TEREZA NOVAES)
Carlos Garaicoa
Quando: seg. a sex., das 10h às 19h, e sáb., das 10h às 17h; até 22/7
Onde: Luisa Strina (r. Oscar Freire, 502, Jardim Paulista, tel. 3088-2471)
Quanto: entrada franca; obras: US$
1.000 a US$ 30 mil
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