São Paulo, sábado, 28 de maio de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cubano vê cidades reais e fictícias

DA REPORTAGEM LOCAL

As cidades "reais" e as descritas nos livros se cruzam nos pontos do "Mapa dos Viajantes", obra do cubano Carlos Garaicoa, 38, que inaugura exposição individual hoje na galeria Luisa Strina.
Com alfinetes coloridos pregados à parede, o artista monta um mapa-múndi. De alguns pontos, pendem fragmentos literários: Jorge Luis Borges falando sobre Genebra e Buenos Aires, Octávio Paz em um relato sobre a Índia, Charles Darwin descrevendo a Bahia e o Rio, e trechos de "Cidades Invisíveis", de Ítalo Calvino.
A obra seria apresentada na próxima Bienal de Veneza, mas o artista mudou de planos. Selecionado para a exibição no pavilhão Arsenal, preferiu realizar um projeto que recria uma cidade usando luzes e fumaça, chamado "Como a Terra Quer Parecer o Céu".
Garaicoa é habitual freqüentador das bienais, já participou da Documenta, na Alemanha, e esteve na de São Paulo duas vezes. No ano passado, ele exibiu aqui desenhos de pontes e construções, feitos com alfinete e linha de costura.
Na galeria, ele usa a mesma técnica em um grande desenho de um navio cercado de guindastes.
Ao lado, ele apresenta dois livros-objetos, nos quais dobraduras se projetam conforme as páginas são manipuladas. São planos impraticáveis para a reabilitação de espaços em Mineápolis, nos EUA, e em Havana, onde vive.
O olhar sobre a cidade e a transformação delas são recorrentes em sua obra. "Ao mesmo tempo que me interesso pela cidade decadente e em ruínas, observo a rápida transformação delas."
"Em Cuba, a urbanização pouco evoluiu e há mais restauração do que construção. Ainda assim, a Havana da minha infância não existe mais", conta.
As recordações de Havana de quatro cubanos que foram à Guerra de Angola estão em um dos três vídeos, que, segundo ele, são fortes em termos políticos.
Nova York aparece em um díptico no qual se contrapõem um mapa da cidade no século 17 e um backlight com uma foto de 1996.
"Depois do 11 de Setembro, Nova York se tornou mais provinciana, menos aberta ao intercâmbio", afirma. Apesar de há dois anos não conseguir visto para os EUA, o artista continua sendo convidado para expor em museus americanos. Ele é um dos quatro selecionados da próxima mostra "New Photography", no MoMA de NY. (TEREZA NOVAES)


Carlos Garaicoa
Quando: seg. a sex., das 10h às 19h, e sáb., das 10h às 17h; até 22/7
Onde: Luisa Strina (r. Oscar Freire, 502, Jardim Paulista, tel. 3088-2471)
Quanto: entrada franca; obras: US$
1.000 a US$ 30 mil


Texto Anterior: Artes plásticas/críticas: Objetos de Farnese de Andrade revelam universalidade
Próximo Texto: Erudito/crítica: Roberto Minczuk rege um Bach que já não é mais deste mundo
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.