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Melancólica, Nina Becker estreia solo
Vocalista da Orquestra Imperial, a carioca lança dois discos sem o espírito festivo da banda que a fez famosa
Álbuns trazem canções de vários integrantes
da Orquestra, como Moreno, Domenico
e Nelson Jacobina
MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO
Nina Becker está sozinha.
Projetada como vocalista
da Orquestra Imperial, a megabanda que há quase uma
década junta no mesmo palco duas dezenas de estrelas
da nova e da velha geração
da música brasileira, ela estreia no próximo mês como
artista individual. Lança, ao
mesmo tempo, os álbuns
"Azul" e "Vermelho".
Coprodução de Maurício
Tagliari, Carlos Eduardo Miranda e a própria cantora, os
discos expõem faceta melancólica da personalidade de
Nina que os fãs dos carnavalescos shows da Orquestra jamais suspeitariam existir.
Aqui, a sonoridade é, sobretudo, a ausência de som.
Vale mais o sussurro que o
grito, o silêncio que o ruído.
"Sou assim, vazia mesmo", diz. "Na Orquestra, tive
que me adaptar a uma coisa
totalmente diferente do que
sou quando estou sozinha."
Nina nem queria ser cantora. Trabalhava com publicidade quando, em 2002, começou a frequentar os primeiros -e ainda vazios-
shows da Orquestra.
Soube em uma dessas
apresentações que Thalma
de Freitas, então a única vocalista do grupo, viajaria por
alguns meses à Europa. Então, se ofereceu. E foi aceita.
Largou a publicidade em
busca de mais tempo para
dedicar à música. Para pagar
as contas, abriu um ateliê de
costura. Mas o negócio tomou proporções maiores do
que se imaginava.
"Tive de trabalhar em linha de produção, acordar cedo e virar empresária. E minha ideia não era essa. Revi,
refleti. E encaixotei o atelier."
Ficou só com o trabalho da
Orquestra e, desde então,
animou oito edições do Baile
dos Namorados, carro-chefe
na agenda do grupo, e um
sem número de carnavais.
COMPOSITORA
Mas nem um pingo dessa
alegria tem eco agora, nos
dois trabalhos solo.
"Vermelho" foi gravado
no esquema "ao vivo no estúdio" em apenas quatro dias.
O instrumental nas dez faixas é feito pelo Do Amor, grupo de rock que tem entre os
integrantes dois músicos da
BandaCê, de Caetano Veloso.
Marcelo Callado, o baterista,
é namorado de Nina.
"Azul", ao contrário, demorou mais de três anos para
ficar pronto. Conta com o mínimo possível de instrumentos em cada faixa e tem poucos músicos atuando.
Companheiros da cantora
na Orquestra, Nelson e Rubinho Jacobina, Moreno Veloso e Domenico Lancelotti são
os autores de várias faixas.
Mas boa fatia do repertório
foi composta pela própria Nina, que se descobriu compositora quando teve que ficar
de molho por seis meses graças a uma hérnia de disco.
Produziu tantas canções
que já tem material para novo álbum. Só ainda não decidiu a cor que ele vai ter.
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