São Paulo, sexta-feira, 28 de maio de 2010

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Melancólica, Nina Becker estreia solo

Vocalista da Orquestra Imperial, a carioca lança dois discos sem o espírito festivo da banda que a fez famosa

Álbuns trazem canções de vários integrantes da Orquestra, como Moreno, Domenico e Nelson Jacobina


MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO

Nina Becker está sozinha.
Projetada como vocalista da Orquestra Imperial, a megabanda que há quase uma década junta no mesmo palco duas dezenas de estrelas da nova e da velha geração da música brasileira, ela estreia no próximo mês como artista individual. Lança, ao mesmo tempo, os álbuns "Azul" e "Vermelho".
Coprodução de Maurício Tagliari, Carlos Eduardo Miranda e a própria cantora, os discos expõem faceta melancólica da personalidade de Nina que os fãs dos carnavalescos shows da Orquestra jamais suspeitariam existir.
Aqui, a sonoridade é, sobretudo, a ausência de som. Vale mais o sussurro que o grito, o silêncio que o ruído.
"Sou assim, vazia mesmo", diz. "Na Orquestra, tive que me adaptar a uma coisa totalmente diferente do que sou quando estou sozinha."
Nina nem queria ser cantora. Trabalhava com publicidade quando, em 2002, começou a frequentar os primeiros -e ainda vazios- shows da Orquestra.
Soube em uma dessas apresentações que Thalma de Freitas, então a única vocalista do grupo, viajaria por alguns meses à Europa. Então, se ofereceu. E foi aceita.
Largou a publicidade em busca de mais tempo para dedicar à música. Para pagar as contas, abriu um ateliê de costura. Mas o negócio tomou proporções maiores do que se imaginava.
"Tive de trabalhar em linha de produção, acordar cedo e virar empresária. E minha ideia não era essa. Revi, refleti. E encaixotei o atelier."
Ficou só com o trabalho da Orquestra e, desde então, animou oito edições do Baile dos Namorados, carro-chefe na agenda do grupo, e um sem número de carnavais.

COMPOSITORA
Mas nem um pingo dessa alegria tem eco agora, nos dois trabalhos solo.
"Vermelho" foi gravado no esquema "ao vivo no estúdio" em apenas quatro dias.
O instrumental nas dez faixas é feito pelo Do Amor, grupo de rock que tem entre os integrantes dois músicos da BandaCê, de Caetano Veloso. Marcelo Callado, o baterista, é namorado de Nina.
"Azul", ao contrário, demorou mais de três anos para ficar pronto. Conta com o mínimo possível de instrumentos em cada faixa e tem poucos músicos atuando.
Companheiros da cantora na Orquestra, Nelson e Rubinho Jacobina, Moreno Veloso e Domenico Lancelotti são os autores de várias faixas.
Mas boa fatia do repertório foi composta pela própria Nina, que se descobriu compositora quando teve que ficar de molho por seis meses graças a uma hérnia de disco.
Produziu tantas canções que já tem material para novo álbum. Só ainda não decidiu a cor que ele vai ter.


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