São Paulo, Sexta-feira, 28 de Maio de 1999
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MERCADO
Rede francesa abre na próxima terça sua loja de departamentos cultural em SP, a primeira fora da Europa
Fnac chega com exposição de Salgado

Matuiti Mayezo/Folha Imagem
Fachada da Fnac, que será inaugurada na próxima terça-feira, em São Paulo


da Reportagem Local

A francesa Fnac, a maior rede européia de distribuição e venda de produtos culturais, começa por São Paulo sua expansão americana a partir de terça-feira.
A primeira Fnac brasileira, que já nasce como a maior loja de produtos culturais da América Latina, será aberta com uma exposição do fotógrafo Sebastião Salgado e uma promessa: a de vender livros, discos e quadrinhos, entre outros produtos, com preços abaixo do mercado.
"Os produtos nacionais serão, com certeza, muito mais baratos aqui", disse Pierre Courty, diretor-geral da empresa no Brasil, já sabendo das dificuldades para manter os preços baixos também para os produtos importados.
"Essa é uma questão complicada, porque envolve impostos e decisões governamentais. Mas vamos negociar diretamente com os fornecedores para tentar ter o preço mais justo possível", diz.
Os importados respondem pela maior parte dos produtos que estarão à venda na Fnac. No setor de discos, por exemplo, a empresa garante que terá todo o catálogo nacional, e isso representa apenas 20% do que estará à venda. Os outros 80% são importados.
Há ainda seções de livros, revistas, áudio e vídeo (com a venda de equipamentos de som e televisores), papelaria, informática, fotografia e telefonia, distribuídos pelos cinco andares e os 8.000 metros quadrados da loja.
A rede, que existe há 45 anos na Europa, também pretende manter no Brasil sua filosofia de não incomodar os clientes que estejam folheando ou manuseando os produtos, sem intenção de compra.
"Isso vai ser mantido, porque assim o cliente pode escolher o produto que quiser com tranquilidade", garante Courty, que não acredita que o baixo consumo de bens culturais no Brasil será um empecilho para manter a idéia.
"Acho que se consome pouca cultura aqui porque não existia a Fnac", afirma, em tom de brincadeira, mas seguro. A vinda da rede para o Brasil é fruto de uma pesquisa que apontava o país como um mercado muito promissor.
O grupo fincou raízes aqui em julho do ano passado, quando comprou o Shopping Cultural Ática da editora homônima, no bairro de Pinheiros, com todo o estoque e os 250 funcionários incluídos. Outros 50 foram contratados agora.
Depois de São Paulo, a Fnac pretende se expandir para o Rio e daí para as demais capitais brasileiras, com a abertura de duas a três lojas por ano no país, além de outras na América do Sul -já estão previstas lojas Fnac em Buenos Aires (Argentina), no próximo ano, e em Santiago, no Chile.
Cerca de 10 milhões de pessoas circulam por ano nas 62 lojas Fnac da França, Bélgica, Espanha e Portugal, que tiveram um faturamento de US$ 2,5 bilhões em 1998.
Para o Brasil, Courty prefere não fazer previsões. "É difícil dizer, porque, em termos de equipamentos, por exemplo, há um mercado paralelo, há contrabando, e não temos um número muito preciso."
A rede pertence ao grupo Pinalt-Printemps-Redoute (PPR), que já atua no Brasil com a Rexen, distribuidora de materiais elétricos.
O nome é anterior à aquisição do grupo. A Fnac (Fédération Nationale d'Achats des Cadres, ou Federação Nacional de Compras para Executivos) nasceu em 54 como uma associação que indicava aos compradores lojas com preços mais justos. Em 94, foi comprada pelo PPR.
A exposição "Otras Americas", do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, que já percorreu as demais lojas da Fnac, é uma viagem em preto-e-branco pela América Latina. O fotógrafo vai fazer uma palestra, aberta ao público, no próximo dia 21 de junho. Depois dele, outros fotógrafos e artistas plásticos também terão exposições.
Já para o primeiro mês de funcionamento, estão previstos sessões de autógrafos -com Zélia Gattai, na quarta- e shows com cantores como o pernambucano Otto, Danilo Caymmi e Zeca Baleiro. (CYNARA MENEZES)

O quê: abertura da Fnac com a exposição "Otras Americas", do fotógrafo Sebastião Salgado Quando: terça-feira, 20h (só para convidados) Onde: Fnac (av. Pedroso de Morais, 858)


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