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Mostra lembra chegada da foto ao Rio
Além da capital, o suíço Georges Leuzinger realizou imagens de Niterói, Petrópolis e Teresópolis durante o século 19
Tema de livro a ser lançado junto com a exposição, Leuzinger teve papel fundamental na introdução da nova técnica no país
EDER CHIODETTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
É possível traçar um paralelo
histórico entre a evolução da
arte da representação no Brasil
e a paisagem do Rio de Janeiro.
É o que fica visível com a abertura da exposição "Georges
Leuzinger: um Pioneiro do Século XIX" e o lançamento do
"Cadernos de Fotografia Brasileira" sobre o mesmo autor, no
Instituto Moreira Salles (IMS),
no Rio de Janeiro, hoje.
Leuzinger nasceu na Suíça,
em 1813, e se radicou no Brasil
em 1832, para trabalhar numa
empresa de importação e exportação de seu tio. Oito anos
depois, ele compraria uma papelaria e encadernadora. Estava criado o núcleo inicial da Casa Leuzinger, que se tornaria
uma das maiores empresas de
impressão e artes gráficas do
Brasil no século 19, e cujas atividades perdurariam por mais
de um século.
A fotografia, inventada oficialmente em 1839, chegaria
aqui de forma efetiva pelas
mãos de fotógrafos europeus
na década de 1850, quando o
Brasil passava por uma "reorientação decisiva em sua economia e política, com a proibição do tráfico de escravos. É a
partir dessa época que o Rio de
Janeiro passa a ser servido por
uma linha regular de navios fazendo a ponte com a Europa.
Esse advento atrela o país ao
tempo da modernidade européia", escreve o historiador
Carlos Martins, no "Cadernos".
A visita crescente de estrangeiros e a facilidade em receber
e enviar materiais pelos navios
fez a paisagem carioca ser difundida em larga escala por
meio de cartões-postais. Foi esse um dos principais nichos em
que a Casa Leuzinger atuou.
Entre a chegada da família
real portuguesa, em 1808, e a
invenção da fotografia, a paisagem era representada pelo desenho e pela pintura. A partir
de 1850, a mesma paisagem
passa a ser fotografada por nomes como Victor Frond (1821-1881) e o próprio Leuzinger.
Para o pesquisador Pedro
Vasquez, a particular contribuição de Leuzinger foi "efetuar o primeiro grande projeto
de transcrição fotográfica da cidade, que resultou num levantamento minucioso, obsessivo,
rigoroso e atraente, que só encontraria similar mais tarde
nas produções consagradas de
Marc Ferrez e Augusto Malta".
Em 2000, os descendentes
de Georges Leuzinger doaram
ao IMS 290 itens, entre documentos, fotografias e impressões realizadas na tipografia da
Casa Leuzinger.
Uma equipe de pesquisadores conseguiu realizar um rigoroso trabalho de reconstituição
histórica, além de recuperar as
imagens realizadas pelo empreendedor suíço. Tanto no livro como na mostra, há uma
extensa série de vistas de Rio,
Niterói, Serra dos Órgãos, Teresópolis e Petrópolis realizadas entre 1865 e 1866.
O estilo clássico e documental privilegia a beleza da paisagem em detrimento dos habitantes da cidade. Trata-se de
um dos mais importantes inventários iconográficos oitocentistas realizados no Brasil.
GEORGES LEUZINGER: UM PIONEIRO DO SÉCULO XIX
Quando: vernissage e lançamento do
livro hoje, às 19h30 (para convidados);
de amanhã até 1º de outubro, de ter. a
dom., das 13h às 20h
Onde: Instituto Moreira Salles (r.
Marquês de São Vicente, 476, Gávea, Rio, tel. 0/xx/21/3284-7400)
Quanto: exposição: entrada franca;
livro: R$ 80
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