São Paulo, domingo, 28 de junho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Show de improvisação é hit na internet e no teatro

DA REPORTAGEM LOCAL

As quatro câmeras que captam o que se passa no palco dão um clima de programa de auditório. Por outro lado, se a medida forem os gritos de "lindo!" e "gostoso!" vindos da plateia feminina em fartas doses, o desavisado pensará estar num show da "boy band" da hora.
Mas não é de TV nem de música que se trata. As lentes estão voltadas para o show de improvisação "Improvável", apresentado semanalmente no Tuca, teatro na zona oeste de São Paulo. E a histeria das moças de 15 a 30 anos (faixa etária que responde por pelo menos 90% do público) tem por alvo Anderson Bizzocchi, Daniel Nascimento e Elidio Sanna, da Cia. Barbixas de Humor.
A cada espetáculo, o trio recebe dois convidados para uma bateria de desafios não roteirizados, que incluem criar um conto de fadas com diálogos rimados a partir de um título dado por um espectador e tirar da cartola cenas em que só se fala por meio de perguntas (veja detalhes no quadro ao lado). Tudo instantâneo, sem combinação.
O resultado, fatalmente, é irregular: momentos extremamente inspirados convivem com outros em que os comediantes apelam para soluções fáceis. Mas justiça seja feita: os acertos superam os deslizes em larga escala.
Os ingressos para a atual temporada, que vai até 30/7, estão esgotados há duas semanas -o Tuca, não custa lembrar, tem 650 lugares. A raiz do sucesso é a internet. Desde a estreia de "Improvável", no fim de 2007, os Barbixas filmam todas as performances e colocam os vídeos no YouTube. Juntos, os 70 registros do canal Vídeos Improváveis foram vistos mais de 60 milhões de vezes.
No Orkut, há 55 comunidades dedicadas ao show e/ou aos Barbixas, uma delas com mais de 20 mil membros.
É esse público fidelizado na internet que comparece em peso ao Tuca, daí a predominância de jovens. Na plateia da sessão a que a reportagem assistiu, dez dias atrás, a maioria absoluta havia visto os vídeos no YouTube -segundo levantamento informal feito pelo mestre-de-cerimônias da noite, Marcio Ballas, antes do começo do espetáculo. Poucos já tinham conferido o show in loco.

Conversa de amigos
"Vim por causa dos vídeos na internet. O formato é inovador, interativo, não cansa", diz a estudante Miriam Caseres, 28, que costuma ir ao teatro para assistir a comédias, "porque não dá para ver outra coisa". Para a analista judiciária Fátima Galvão, 52, levada ao Tuca pelo filho, "o show mexe com todo mundo porque dá a sensação de que se está numa conversa de amigos".
O que não é mentira. Bizzocchi, Nascimento e Sanna formaram o Barbixas há cinco anos. Na estreia, apresentaram "covers" de esquetes famosos do grupo inglês Monty Python e do programa norte-americano "Saturday Night Live". Depois, com roteiro próprio, vieram "Em Breves" e "Três", compilações de cenas cômicas.
O grupo pretende retomar "Breves" ainda neste ano. "Muita gente só nos conhece pelas improvisações, em que você está no seu limite, é ator, dramaturgo e diretor ao mesmo tempo. Não temos medo de ficar estigmatizados por esse formato, mas nosso forte é escrever texto. Queremos mostrar isso também", afirma Nascimento, 26. (LN)


Texto Anterior: Instalação "prepara" o público
Próximo Texto: Jogos Improváveis
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.