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Show de improvisação é hit na internet e no teatro
DA REPORTAGEM LOCAL
As quatro câmeras que captam o que se passa no palco dão
um clima de programa de auditório. Por outro lado, se a medida forem os gritos de "lindo!" e
"gostoso!" vindos da plateia feminina em fartas doses, o desavisado pensará estar num show
da "boy band" da hora.
Mas não é de TV nem de música que se trata. As lentes estão
voltadas para o show de improvisação "Improvável", apresentado semanalmente no Tuca,
teatro na zona oeste de São
Paulo. E a histeria das moças de
15 a 30 anos (faixa etária que
responde por pelo menos 90%
do público) tem por alvo Anderson Bizzocchi, Daniel Nascimento e Elidio Sanna, da Cia.
Barbixas de Humor.
A cada espetáculo, o trio recebe dois convidados para uma
bateria de desafios não roteirizados, que incluem criar um
conto de fadas com diálogos rimados a partir de um título dado por um espectador e tirar da
cartola cenas em que só se fala
por meio de perguntas (veja detalhes no quadro ao lado). Tudo
instantâneo, sem combinação.
O resultado, fatalmente, é irregular: momentos extremamente inspirados convivem
com outros em que os comediantes apelam para soluções
fáceis. Mas justiça seja feita: os
acertos superam os deslizes em
larga escala.
Os ingressos para a atual
temporada, que vai até 30/7,
estão esgotados há duas semanas -o Tuca, não custa lembrar, tem 650 lugares. A raiz do
sucesso é a internet. Desde a estreia de "Improvável", no fim
de 2007, os Barbixas filmam todas as performances e colocam
os vídeos no YouTube. Juntos,
os 70 registros do canal Vídeos
Improváveis foram vistos mais
de 60 milhões de vezes.
No Orkut, há 55 comunidades dedicadas ao show e/ou aos
Barbixas, uma delas com mais
de 20 mil membros.
É esse público fidelizado na
internet que comparece em peso ao Tuca, daí a predominância de jovens. Na plateia da sessão a que a reportagem assistiu,
dez dias atrás, a maioria absoluta havia visto os vídeos no YouTube -segundo levantamento
informal feito pelo mestre-de-cerimônias da noite, Marcio
Ballas, antes do começo do espetáculo. Poucos já tinham
conferido o show in loco.
Conversa de amigos
"Vim por causa dos vídeos na
internet. O formato é inovador,
interativo, não cansa", diz a estudante Miriam Caseres, 28,
que costuma ir ao teatro para
assistir a comédias, "porque
não dá para ver outra coisa".
Para a analista judiciária Fátima Galvão, 52, levada ao Tuca
pelo filho, "o show mexe com
todo mundo porque dá a sensação de que se está numa conversa de amigos".
O que não é mentira. Bizzocchi, Nascimento e Sanna formaram o Barbixas há cinco
anos. Na estreia, apresentaram
"covers" de esquetes famosos
do grupo inglês Monty Python
e do programa norte-americano "Saturday Night Live". Depois, com roteiro próprio, vieram "Em Breves" e "Três",
compilações de cenas cômicas.
O grupo pretende retomar
"Breves" ainda neste ano.
"Muita gente só nos conhece
pelas improvisações, em que
você está no seu limite, é ator,
dramaturgo e diretor ao mesmo tempo. Não temos medo de
ficar estigmatizados por esse
formato, mas nosso forte é escrever texto. Queremos mostrar isso também", afirma Nascimento, 26.
(LN)
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