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"Meu melhor amigo é o espelho", ensina "Esquadrão da Moda"
Programa do SBT põe consultores de moda na cola de delinquentes do estilo
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
Isabella Fiorentino chega
atrasada e implora por uma
pinça. Diz que devolve com um
beijo na boca. Segundos antes
de gravar o que acha o momento mais emocionante de seu
"Esquadrão da Moda", começa
a costurar o cinto no colar.
"É bom ter uma caixinha de
costura para não ser pega de
surpresa", diz, esbaforida. Chega uma figurinista e esconde o
lacinho de sua calcinha dentro
da calça enquanto um cabeleireiro dá retoques no penteado
com escovas e um secador que
parece tirar do bolso.
Nem parece que Isabella e o
stylist Arlindo Grund, quando
não estão atrás das câmeras,
ensinam os participantes do
programa a se vestir melhor
-com tática de guerrilha.
Na gravação acompanhada
pela Folha semana passada, os
consultores de moda abordam
uma participante num desfile
da São Paulo Fashion Week.
Tânia Jannuzzi, funcionária
pública com tara pela cor vermelha e igual paixão por decotes, é a vítima da vez, indicada
pelo marido ao programa.
Na franquia brasileira do inglês "What Not to Wear", levada ao ar às terças, pelo SBT,
amigos ou parentes de alguém
com notório mau gosto denunciam seus deslizes à produção.
Uma equipe do "Esquadrão"
então persegue, escondida, o delinquente do estilo, acumulando flagras para mostrar de uma
só vez ao participante e à família. No que chamam de "momento plasma", as cenas são
exibidas num monitor desse tipo acompanhadas de comentários pouco ou nada simpáticos
da dupla de apresentadores.
E vai daí a pior, porque o momento seguinte é a hora do lixo: Isabella e Arlindo jogam fora todas as roupas "medonhas"
e "cafonas" da participante,
que terá R$ 10 mil para montar
um novo guarda-roupa.
Minutos depois de ser abordada e topar fazer parte do programa, Tânia recebe um telefonema da filha, que diz que passaram por lá e levaram todas as
suas roupas. "Tudo? Não sobrou nada?", reagiu. "Eu gosto
das roupas que eu tenho. Estou
com o coração na mão."
Passado o susto, Tânia encara o espelho com as roupas velhas e é obrigada a admitir o
horror. "Na frente do espelho,
elas veem que não dá mesmo
para vestir aquilo", diz Arlindo.
"Aí cai o véu da cafonice."
"Cara de pavor"
Se pegam pesado? Isabella e
Arlindo dizem que não. "Eu é
que fico constrangida ao ver
uma mulher com um superpotencial usando roupas medonhas", diz Isabella. "Eu fico mal
quando vejo uma mulher de 40
anos que se veste mal há 40
anos", conclui Arlindo.
"Não é nosso objetivo constranger, mas a gente tem que
fazer um show", diz o diretor do
programa Aldrin Mazzei. "Nenhuma participante saiu do
programa insatisfeita", frisa.
Também desmente boatos
de que é tudo armação. Ele diz
que os participantes não sabem
que estarão no programa até o
momento da abordagem e que
tudo é cancelado se descobrem
antes da hora. "A cara dela é de
pavor na hora da abordagem",
diz Mazzei. "Eu preciso que ela
se surpreenda, é fundamental."
Entre o flagra e os momentos
finais, Isabella e Arlindo estudam a vida da participante e depois vão às compras com ela para compor os novos looks. "Se
ela tem estilo, a gente mantém
isso com tecidos mais nobres e
roupas mais apropriadas", diz
Isabella. "A gente tenta levar
um pouco de tendência para a
pessoa, mas não é um programa sobre moda", diz ele.
Tânia, como todas as participantes até agora, acaba concordando com as observações da
dupla. "É assustador, eu fiquei
chocada, mas agora eu sei que
não preciso me vestir todo dia
de vermelho", diz ela. "Meu
melhor amigo é o espelho; essa
é a melhor dica da Isabella."
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