São Paulo, domingo, 28 de junho de 2009

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"Meu melhor amigo é o espelho", ensina "Esquadrão da Moda"

Programa do SBT põe consultores de moda na cola de delinquentes do estilo

SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL

Isabella Fiorentino chega atrasada e implora por uma pinça. Diz que devolve com um beijo na boca. Segundos antes de gravar o que acha o momento mais emocionante de seu "Esquadrão da Moda", começa a costurar o cinto no colar.
"É bom ter uma caixinha de costura para não ser pega de surpresa", diz, esbaforida. Chega uma figurinista e esconde o lacinho de sua calcinha dentro da calça enquanto um cabeleireiro dá retoques no penteado com escovas e um secador que parece tirar do bolso.
Nem parece que Isabella e o stylist Arlindo Grund, quando não estão atrás das câmeras, ensinam os participantes do programa a se vestir melhor -com tática de guerrilha.
Na gravação acompanhada pela Folha semana passada, os consultores de moda abordam uma participante num desfile da São Paulo Fashion Week. Tânia Jannuzzi, funcionária pública com tara pela cor vermelha e igual paixão por decotes, é a vítima da vez, indicada pelo marido ao programa.
Na franquia brasileira do inglês "What Not to Wear", levada ao ar às terças, pelo SBT, amigos ou parentes de alguém com notório mau gosto denunciam seus deslizes à produção.
Uma equipe do "Esquadrão" então persegue, escondida, o delinquente do estilo, acumulando flagras para mostrar de uma só vez ao participante e à família. No que chamam de "momento plasma", as cenas são exibidas num monitor desse tipo acompanhadas de comentários pouco ou nada simpáticos da dupla de apresentadores.
E vai daí a pior, porque o momento seguinte é a hora do lixo: Isabella e Arlindo jogam fora todas as roupas "medonhas" e "cafonas" da participante, que terá R$ 10 mil para montar um novo guarda-roupa.
Minutos depois de ser abordada e topar fazer parte do programa, Tânia recebe um telefonema da filha, que diz que passaram por lá e levaram todas as suas roupas. "Tudo? Não sobrou nada?", reagiu. "Eu gosto das roupas que eu tenho. Estou com o coração na mão."
Passado o susto, Tânia encara o espelho com as roupas velhas e é obrigada a admitir o horror. "Na frente do espelho, elas veem que não dá mesmo para vestir aquilo", diz Arlindo. "Aí cai o véu da cafonice."

"Cara de pavor"
Se pegam pesado? Isabella e Arlindo dizem que não. "Eu é que fico constrangida ao ver uma mulher com um superpotencial usando roupas medonhas", diz Isabella. "Eu fico mal quando vejo uma mulher de 40 anos que se veste mal há 40 anos", conclui Arlindo.
"Não é nosso objetivo constranger, mas a gente tem que fazer um show", diz o diretor do programa Aldrin Mazzei. "Nenhuma participante saiu do programa insatisfeita", frisa.
Também desmente boatos de que é tudo armação. Ele diz que os participantes não sabem que estarão no programa até o momento da abordagem e que tudo é cancelado se descobrem antes da hora. "A cara dela é de pavor na hora da abordagem", diz Mazzei. "Eu preciso que ela se surpreenda, é fundamental."
Entre o flagra e os momentos finais, Isabella e Arlindo estudam a vida da participante e depois vão às compras com ela para compor os novos looks. "Se ela tem estilo, a gente mantém isso com tecidos mais nobres e roupas mais apropriadas", diz Isabella. "A gente tenta levar um pouco de tendência para a pessoa, mas não é um programa sobre moda", diz ele.
Tânia, como todas as participantes até agora, acaba concordando com as observações da dupla. "É assustador, eu fiquei chocada, mas agora eu sei que não preciso me vestir todo dia de vermelho", diz ela. "Meu melhor amigo é o espelho; essa é a melhor dica da Isabella."


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