Imagens de objetos do traficante colombiano captadas por Bob Wolfenson revelam pseudopotência do país

EDER CHIODETTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Na última década, o fotógrafo paulistano Bob Wolfenson vem realizando bem-sucedidos ensaios expostos em grandes dimensões.
Foi assim com as fotos dos edifícios carcomidos do centro de São Paulo em "Antifachada" (2004) e com as imagens de Cubatão em "A Caminho do Mar" (2007). A grande dimensão volta agora em "Apreensões", mostra em cartaz no Centro Universitário Maria Antônia.
A ideia surgiu quando Wolfenson se deparou em jornais com imagens que mostravam os objetos do traficante colombiano Juan Carlos Abadía que foram a leilão em 2008 em São Paulo.
As imagens, feitas por Wolfenson em depósitos sob guarda da polícia, não se diferenciam muito das que estamos acostumados a ver na imprensa quando se trata de apreensões de objetos contrabandeados, drogas etc.
Porém, ao realizar as mesmas em altíssima resolução, que lhe permitiu gerar cópias de até 3,5 m, o artista conseguiu criar uma tensão e um impacto inesperados.
O ponto alto da mostra é a montagem no espaço expositivo, completamente congestionado pelas imagens que, mais do que simplesmente exibirem os objetos apreendidos, fazem com que eles, a partir de sua monumentalidade, nos interroguem e nos façam refletir acerca desse mercado econômico paralelo, intenso e ilegal que o jeitinho brasileiro patrocina.
Dos bonecos falsos de super-heróis a caminhões que têm a função de subtrair as árvores das florestas, de carabinas AR-15 a animais silvestres, Wolfenson realiza uma radiografia e expõe de forma precisa e original um Brasil que está longe de ser essa pseudopotência internacional que muitas pessoas passaram a acreditar nos últimos tempos. Isso, sim, é para nos deixar apreensivos.