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POLÊMICA
Dubladores discutem greve
free-lance para a Folha
Os dubladores de São Paulo
se reúnem hoje, às 19h30, no 8º
andar da Câmara Municipal
para decidir o que será feito para que a classe atinja suas reivindicações -a possibilidade
de uma paralisação não está
descartada.
Por reivindicações deve-se
entender o trabalho com registro na carteira profissional, o
que não ocorre em São Paulo,
segundo o dublador Gilberto
Barone.
Barone, 55 anos, 30 de profissão, assumiu há seis meses a liderança da categoria dos dubladores, assumindo a voz do
grupo frente ao Sindicato de
Atores e Técnicos em Espetáculos de Diversão do Estado de
São Paulo, o Sated.
"Em São Paulo, nenhum dublador é registrado em carteira.
Mas os patrões dizem o seguinte: para registrarmos vocês, teremos que pagar menos, porque teremos que descontar
INSS, fundo de garantia,
13º...", diz o ator.
Atualmente, eles ganham R$
22,40 por hora de trabalho.
"Mas o dublador trabalha
duas horas em um dia, depois
não trabalha... é instável."
Barone explica que existe
uma unidade para quantificar
um filme chamada anel, que
corresponde a 20 segundos de
filme. A cada 20 anéis, os dubladores ganham uma hora de
trabalho.
"Atualmente, se você faz 22
anéis, por exemplo, você ganha
mais meia hora, mesmo não
tendo atingido 30 anéis."
Uma das mudanças que os
empresários querem estabelecer é que se extinga o pagamento em hora e anel. "Eles querem ou um ou outro, e estão
oferecendo R$ 1 por anel."
O líder da classe contabiliza
que existem cerca de 130 dubladores atuando em São Paulo.
No Rio, esse número aponta
para 180 profissionais.
Fora dessas cidades, porém,
Barole diz que não há outros
dubladores.
Para dar um parâmetro de
quanto é reconhecido o trabalho dos dubladores no país, Barole dá o exemplo de dublagem
de um longa-metragem norte-americano.
"No Brasil, um filme desses
custa de R$ 4 a 5 mil para que
seja feita a dublagem. Na Itália,
gasta-se cerca de U$ 25 mil para
dublar esse mesmo filme", diz
o dublador, que é ator formado
como a maioria dos companheiros de profissão.
As conversações sobre o registro começaram em abril.
"Como as negociações eram
nacionais, nós começamos a
nos reunir no Rio de Janeiro.
Só que os empresários paulistas nunca apareceram nessas
reuniões. Eles fingiam que não
sabiam."
"Os encontros no Rio ficaram em um impasse, devido à
ausência dos paulistas. O Rio
tem medo de fazer um acordo e
dar um determinado aumento
e São Paulo não dar esse aumento, oferecendo um preço
mais baixo para os distribuidores e atraindo todo o trabalho
para cá. E os empresários dizem que não vão fechar acordo
algum sem saber o preço dos
cariocas, com medo de que o
contrário aconteça."
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