FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Duas vertentes da fotografia contemporânea ganham espaço no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio. A mineira Rosângela Rennó e o baiano Mario Cravo Neto apresentam possibilidades diferentes do uso da imagem.
A exposição de Rennó, que atualmente participa da Bienal de Veneza, é mais ampla. São dez séries de trabalhos, a maior mostra que ela já realizou no Brasil.
Na primeira sala, a artista mostra a série "Corpo da Alma", com fotos retiradas de jornal. Tais imagens estão transpostas, de forma ampliada, para placas de aço inox.
Nesse processo, Rennó provoca dois movimentos: aumenta as fotos, revelando sua construção, enquanto dificulta sua possibilidade de leitura. A proposta ganha dimensão com outra das novas séries apresentadas: Bibliotheca, em que utiliza cem álbuns de fotografia para criar uma instalação.
"Essa exposição encerra um ciclo de vários trabalhos que não terminei na época correta e agora vêm a público", conta a artista.
Se com "O Arquivo Universal" Rennó fecha um ciclo, Mario Cravo Neto afirma que "Na Terra -°Sob Meus Pés" revela o começo de uma série. O fotógrafo tem participado há cinco anos de cerimônias do candomblé e apresenta registros coloridos desses rituais mesclados a outras imagens.
São 12 fotografias projetadas nas paredes que misturam cenas dos rituais do candomblé com retratos de bailarinos do Balé Real da Dinamarca.
"Faço um trabalho puramente emocional e só fotografo quando estou de fato envolvido", conta Cravo Neto.
As fotos da mostra são projetadas apenas no lado esquerdo das paredes, e, como as salas formam um "U", o observador se movimenta de forma circular, sendo tão envolvido pelo trabalho quanto o fotógrafo.