São Paulo, quarta-feira, 28 de julho de 2004

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Prêmio homenageia conjunto da obra

DA REPORTAGEM LOCAL

Ao anunciar a homenagem ao cineasta Manoel de Oliveira com a entrega do Leão de Ouro pelo conjunto da obra, a organização da 61ª Mostra de Veneza disse que o diretor ajudou a "redefinir a modernidade e marcou profundamente o cinema no século 20".
Mas Oliveira segue dando mostras de que, para ele, um século de cinema não é o bastante. O diretor estreará no festival que o homenageia seu quinto título realizado no século 21. "O Quinto Império -°Ontem como Hoje", baseado na obra teatral "El-Rei Sebastião" (1949), de José Régio (1901-1969), sucede "Um Filme Falado" (2003), "O Princípio da Incerteza" (2002), "Vou para Casa" (2001) e "Porto da Minha Infância" (2001).
A história de Oliveira com o festival italiano é longa. Lá, ele recebeu um Leão de Ouro por "Le Soulier de Satin" (1985). "Depois disso, já apresentei cerca de uma meia dúzia de outros filmes em Veneza, e outros tantos no Festival de Cannes", lembra o diretor.
Na mostra italiana, foi premiado novamente em 1991, quando o Grande Prêmio do júri recaiu sobre "A Divina Comédia", e teve suas mais recentes participações no ano passado, quando competiu com "Um Filme Falado", e em 2001, ano em que apresentou o ensaio afetivo em que confronta suas memórias com as transformações arquitetônicas de sua cidade natal, "Porto da Minha Infância".

Principiante
Embora veteraníssimo em festivais, o diretor os acompanha com entusiasmo de principiante, circulando pelas mostras e cumprindo agenda de entrevistas.
Em 2001, ao receber o prêmio paralelo Robert Bresson, conferido por organismos pertencentes ao Vaticano, Oliveira fez ironia com a própria condição de não-religioso e declarou que tinha 92 anos, mas se sentia "com 29, o que é muito pouco tempo para saber algo da vida e do cinema".
Além de Oliveira, o festival deste ano (1/9 a 11/9) homenageará o norte-americano Stanley Donen, 80, autor, entre outros, de "Sete Noivas para Sete Irmãos" (1954).

Júri
Os premiados da competição oficial serão definidos por um júri presidido pelo inglês John Boorman ("O Alfaiate do Panamá") e composto pelo diretor alemão Wolfgang Becker ("Adeus Lênin"), o norte-americano Spike Lee ("Faça a Coisa Certa"), o italiano Mimmo Calopresti ("Prefiro o Barulho do Mar"), o sérvio Dusan Makavejev ("Montenegro"), as atrizes Helen Mirren e Scarlett Johansson e os produtores Pietro Scalia e Xu Feng.
A retrospectiva deste ano será dedicada à "História Secreta do Cinema Italiano (1960-1980)", com pelo menos 30 títulos.


Com agências internacionais


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