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CIE pediu incentivo de R$ 22,3 mi a Cirque du Soleil
Montante foi solicitado ao MinC pela Lei Rouanet
DA REPORTAGEM LOCAL
Para promover a turnê brasileira do grupo canadense Cirque du Soleil, a empresa CIE
Brasil tentou obter R$ 22,3 milhões em benefício fiscal do governo brasileiro.
O MinC autorizou o montante de R$ 9,4 milhões e barrou o
restante, quando a empresa
não apresentou plano "satisfatório" para a democratização
do acesso do público ao espetáculo, cujos ingressos custam
até R$ 370.
O pedido de patrocínio de R$
22,3 milhões foi feito ao MinC
(Ministério da Cultura). A CIE
queria a aprovação para captar
esse montante em patrocínio,
com benefício da Lei Rouanet.
A lei, criada em 1991 para fomentar a produção cultural
brasileira, autoriza empresas a
destinar parte de seu Imposto
de Renda à realização cultural.
As autorizações para patrocínio passam pelo crivo do Ministério da Cultura, que, por meio
da CNIC (Comissão Nacional
de Incentivo à Cultura), analisa
os projetos e aprova ou rejeita a
concessão do benefício.
No último dia 26 de abril, a
Folha informou que o MinC
havia autorizado a CIE a captar
R$ 9,4 milhões em patrocínio
ao Cirque du Soleil. Após a publicação da reportagem, o ministro da Cultura, Gilberto Gil,
declarou achar "uma distorção" a concessão do incentivo a
um espetáculo destinado a público restrito. Os ingressos para
o Cirque du Soleil custam entre
R$ 50 e R$ 370.
De acordo com informações
confirmadas agora pelo MinC,
o pedido inicial de patrocínio
ao Cirque du Soleil apresentado pela CIE tinha o valor de R$
16,6 milhões, para a etapa paulistana das apresentações, e de
R$ 5,7 milhões, para a temporada no Rio de Janeiro.
Um parecer técnico do ministério recomendou a redução
do valor de R$ 16,6 milhões para R$ 9,4 milhões. Os técnicos
do MinC analisam a coerência
entre os orçamentos apresentados e as atividades previstas.
Dois dias após a publicação
da reportagem da Folha, foi
editado um novo decreto de regulamentação da Lei Rouanet,
com um artigo que torna obrigatória a apresentação de um
plano de democratização do
acesso da população às obras financiadas pela lei.
Diante da oficialização da
nova exigência, o MinC solicitou à CIE a apresentação de
um plano para tornar acessível
a camadas mais largas da população os espetáculos do Cirque
du Soleil. O plano poderia comportar uma ou mais iniciativas,
como o barateamento dos ingressos, a distribuição gratuita
de uma parcela de entradas, a
exibição do espetáculo em TV
pública ou a realização de atividades de capacitação artística
com profissionais brasileiros.
O plano apresentado pela
empresa, no entanto, foi considerado "insatisfatório" pelos
técnicos do MinC que o analisaram, assim como pelos membros da CNIC, formada por representantes de associações de
diversas áreas artísticas.
A desaprovação do plano resultou na suspensão, pelo
MinC, da autorização de captação dos R$ 5,7 milhões para a
temporada carioca.
"Cats"
Para a temporada em São
Paulo do espetáculo internacional "Cats", a CIE apresentou
ao Ministério da Cultura novo
pedido de patrocínio pela Lei
Rouanet, no valor de R$ 3,5 milhões. Com temporada prevista
para o período de 9 a 27 de
agosto, o musical tem ingressos
de R$ 80 a R$ 200.
O pedido de patrocínio da
CIE caiu no pente-fino e, por
enquanto, permanece sem
aprovação. Analisado em reunião da CNIC, o pedido foi encaminhado para vistas do conselheiro especializado em artes
cênicas.
(SILVANA ARANTES)
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