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Crítica/"Mirando a Estrela"
Eta Carinae alia regionalismo a batida eletrônica em álbum
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
EX-LÍDER do Jorge
Cabeleira e o Dia em
que Seremos Todos
Inúteis, Dirceu Melo, 30, montou uma nova banda, Eta Carinae, e agora lança "Mirando a
Estrela", disco de estréia com
patrocínio da Lei Rouanet
-após debutar no cenário pela
Sony em 1995 e ser dispensado
pela mesma tempos depois.
Em questão de uma década, o
músico passou de mascote a veterano do mangue beat, a cena
que colocou Pernambuco no
centro do pop nacional na década passada. Segundo ele, trata-se de progressão natural, seja no aspecto artístico ou no aspecto comercial.
Se no grupo anterior de Melo
o baião e a temática do sertão
vinham distorcidos sob camadas de pesados riffs de guitarras
à Led Zeppelin, agora os elementos regionais vêm envoltos
por batidas eletrônicas, mas
com letras menos épicas.
"O Eta Carinae surgiu de
uma vontade de me atualizar
com o que rola no mundo, de
soar universal", diz Melo, que
teve a idéia quando tocou guitarra na banda de Naná Vasconcelos na turnê do álbum "Minha Lôa" (2002).
Gerações
Ao mesmo tempo em que
olha para o futuro e para o mercado europeu, "que se interessa
muito por esse som de fusão",
Melo se vê à frente de questões
parecidas com as dos tempos
de Jorge Cabeleira. Apesar de
então se ver na mesma baciada
dos cabeças Chico Science e
Mundo Livre S/A, Melo e sua
banda eram mais novos e havia
um certo conflito de gerações.
"Também fomos muito associados a bandas mais pesadas
de outras regiões que faziam
misturas, como Raimundos."
Hoje, com o Eta Carinae, a
questão da geração também pesa. "De uns tempos para cá, começaram a surgir no Recife
bandas que renegam a estética
do mangue, que cantam em inglês. Eu até curto, mas acho um
retrocesso", afirma Melo.
"Atualmente, poucos mantém
essa estética, como nós, o
Mombojó e o DJ Dolores. Mas
isso é uma coisa de ciclo; não tenho dúvidas de que vai ter um
novo boom entre a gurizada."
Ainda que em alguns momentos a fusão promovida pelo
Eta não soe particularmente
fresca, ela vem bem lapidada,
em grande parte pelo vocal da
atriz e cantora Karina Falcão
-Melo fica com a segunda voz,
dedicando-se mais à guitarra.
Conta a favor também o fato de
que os elementos regionais não
venham como fator "étnico",
símbolo exotismo, mas integrados às discretas bases eletrônicas. "Noite Seca", por exemplo,
tem samba e drum'n'bass;
"Gravidade" é um dub com sotaque do Recife e "Loa do Mar"
põe baião e xote na pista.
Prestes a fechar acordo para
distribuição nacional do CD
-que atualmente pode ser encomendado pelo e-mail groovinproducoes@yahoo.com.br, o grupo disponibiliza suas
músicas nos sites www.reciferock.com.br e www.tramavirtual.com.br.
MIRANDO A ESTRELA
Artista: Eta Carinae
Lançamento: independente
Quanto: R$ 15
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