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ANÁLISE
Texto faz rir do horror
da Reportagem Local
Mark Ravenhill não se quer autor político. Mas, com seu diploma em drama, seus anos de "gerência literária" de autores, ele é o
mais consciente e articulado do
trio da nova dramaturgia inglesa
-com Patrick Marber e Martin
McDonagh. É também o de texto
mais hilariante.
Em "Shopping and Fucking",
visto na montagem original do
Royal Court, dois anos atrás, o
que o protagonista, Mark, mais
gosta de fazer é contar histórias.
Não quer a quebra do discurso
instituído, da linearidade: quer
salvar alguma história, nem que
sejam histórias, muitas, mas com
sua ordem mínima.
Na trama da peça, propriamente, não há história muito definida.
São quatro jovens perdidos num
mundo em que o que vale é comprar e vender. É aí que o autor se
revela o mais direto na sua crítica
social e política.
Mas trata-se de um niilista, que
não oferece alternativas: não há
saída do mundo de "Shopping
and Fucking", além do amor desesperado que leva à morte -e a
morte fetichizada como mercadoria, fantasia de S&M.
Com seu realismo doloroso, à
David Mamet, embora não se deva esperar o mesmo apuro formal, retrata uma juventude londrina em seu cotidiano de cômicos horrores, sem dar atenção a
nada, com as vidas já meio perdidas, em meio a vícios que vão do
sexo pesado à TV.
De cenário mínimo, um telão
com sinais publicitários em neon,
o que marcou a montagem foram
as atuações de Antony Riding como Mark e de Pearce Quigley como Bobbie, seu ex-amante tornado traficante desastrado. Nelas, o
melhor de Ravenhill: a reunião da
tragédia cotidiana com o humor
mais histérico.
(NS)
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