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CINEMA/EUA
"American Pie", filme com atores desconhecidos, custou US$ 11 milhões e já faturou US$ 64 milhões
Comédia teen é fenômeno de bilheteria
AMIR LABAKI
enviado especial a Nova York
Uma comédia adolescente estrelada por desconhecidos está
roubando bilheteria de "De Olhos
Bem Fechados" e "Star Wars: Episódio 1 - A Ameaça Fantasma".
"American Pie" (Torta Americana), escrita por Adam Herz e dirigida por Paul Weitz, estreou há
três semanas no topo dos mais
vistos, mantendo-se no terceiro
posto no último final de semana,
ultrapassada apenas pelo novo
terror da Dreamworks de Spielberg, "The Haunting", e pela comédia infanto-juvenil "Gadget
-Inspetor Bugiganga". O lançamento brasileiro de "American
Pie" está previsto para agosto.
Há seis meses, vídeos do filme
corriam pelos escritórios de
Hollywood, criando um verdadeiro caso "Pie". A resposta do
público confirmou o sucesso previsto. Na era da produção média
americana na casa da meia centena de milhões de dólares, Weitz
entregou para a Universal sua hilariante revisita aos filmes de colégio dos anos 50 com um custo total de US$ 11 milhões.
"American Pie" arrecadou quase o dobro (US$ 18,7 milhões) só
no primeiro final de semana e
atingiu no início desta semana a
marca de US$ 64 milhões. Tudo
sem o apelo de grandes estrelas ou
de um diretor de renome. Pode
não ser o grande filme, mas é de
longe o melhor negócio da temporada.
Qual o segredo? Seria fácil
apontá-lo como o humor de banheiro, à moda de "Quem Vai Ficar com Mary?".
Não que faltem piadas como o
sêmen tornado gel ou o ataque do
zíper da comédia dos irmãos Farrelly. Há pequenas variações aqui,
envolvendo o heterodoxo uso de
uma meia, o batismo de uma cerveja e a erotização máxima de um
ícone americano, a torta de maçã.
Uma cena nasce clássica, iniciada
pelo involuntário striptease on line de uma desinibida estudante
centro-européia (Shannon Elizabeth).
A grande sacada de "American
Pie" é quebrar as expectativas, decolando como mais uma machista comédia de adolescentes até
guinar para um filme frisando o
poder das garotas.
A corrida de quatro meninos do
colegial para perder a virgindade
antes da formatura, marcada para
o mês seguinte, começa como
"Porky's", evolui para um "Grease" não-musical embalado na
ideologia Spice Girls e termina
flertando, quem diria, com "Verão de 42" e "A Primeira Noite de
um Homem".
O equilibrado elenco central parece saído de um piloto de telessérie. Chris Klein, conhecido nos
EUA pelo sucesso de outra recente comédia colegial ("Election"),
faz o bonitão esportivo que não
resiste aos encantos da candidata
a primeira presa (Mena Suvari).
Thomas Ian Nicholas atravessa o
filme tentando convencer a namoradinha (Tara Reid) a chegar
às vias de fato.
Eddie Kaye Thomas é o dândi
mirim que usa por tática espalhar
boatos sobre sua virilidade. Por
sua vez, Jason Biggs, um misto de
Adam Sandler ("O Paizão") e David Schwimmer ("Friends"), resigna-se após o vexame via Internet a um convite desesperançado
a um instrumentista "nerd" (Alyson Hannigan). Aconselhando a
todos, Natasha Lyonne faz uma
sabidinha precoce; Christina Ricci e Drew Barrymore têm concorrência à vista.
Escrevendo no jornal "The New
York Times", Stephen Holden viu
na comédia sinais da retomada
puritana americana. Erra longe:
"American Pie" retrata com humor, ainda que por vezes grosseiro, e mesmo com inteligência, a
universal ansiedade frente à iniciação sexual. O filme não prega a
revolução, mas tampouco serve a
reação.
Avaliação:
Filme: American Pie
Produção: EUA, 1999, 100 min.
Diretor: Paul Weiz
Roteirista: Adam Herz
Com: Jason Biggs, Chris Klein, Thomas
Ian Nicholas, Tara Reid
Quando: estréia em agosto no Brasil
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