São Paulo, Quarta-feira, 28 de Julho de 1999
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CINEMA/EUA
"American Pie", filme com atores desconhecidos, custou US$ 11 milhões e já faturou US$ 64 milhões
Comédia teen é fenômeno de bilheteria

AMIR LABAKI
enviado especial a Nova York

Uma comédia adolescente estrelada por desconhecidos está roubando bilheteria de "De Olhos Bem Fechados" e "Star Wars: Episódio 1 - A Ameaça Fantasma". "American Pie" (Torta Americana), escrita por Adam Herz e dirigida por Paul Weitz, estreou há três semanas no topo dos mais vistos, mantendo-se no terceiro posto no último final de semana, ultrapassada apenas pelo novo terror da Dreamworks de Spielberg, "The Haunting", e pela comédia infanto-juvenil "Gadget -Inspetor Bugiganga". O lançamento brasileiro de "American Pie" está previsto para agosto.
Há seis meses, vídeos do filme corriam pelos escritórios de Hollywood, criando um verdadeiro caso "Pie". A resposta do público confirmou o sucesso previsto. Na era da produção média americana na casa da meia centena de milhões de dólares, Weitz entregou para a Universal sua hilariante revisita aos filmes de colégio dos anos 50 com um custo total de US$ 11 milhões.
"American Pie" arrecadou quase o dobro (US$ 18,7 milhões) só no primeiro final de semana e atingiu no início desta semana a marca de US$ 64 milhões. Tudo sem o apelo de grandes estrelas ou de um diretor de renome. Pode não ser o grande filme, mas é de longe o melhor negócio da temporada.
Qual o segredo? Seria fácil apontá-lo como o humor de banheiro, à moda de "Quem Vai Ficar com Mary?".
Não que faltem piadas como o sêmen tornado gel ou o ataque do zíper da comédia dos irmãos Farrelly. Há pequenas variações aqui, envolvendo o heterodoxo uso de uma meia, o batismo de uma cerveja e a erotização máxima de um ícone americano, a torta de maçã. Uma cena nasce clássica, iniciada pelo involuntário striptease on line de uma desinibida estudante centro-européia (Shannon Elizabeth).
A grande sacada de "American Pie" é quebrar as expectativas, decolando como mais uma machista comédia de adolescentes até guinar para um filme frisando o poder das garotas.
A corrida de quatro meninos do colegial para perder a virgindade antes da formatura, marcada para o mês seguinte, começa como "Porky's", evolui para um "Grease" não-musical embalado na ideologia Spice Girls e termina flertando, quem diria, com "Verão de 42" e "A Primeira Noite de um Homem".
O equilibrado elenco central parece saído de um piloto de telessérie. Chris Klein, conhecido nos EUA pelo sucesso de outra recente comédia colegial ("Election"), faz o bonitão esportivo que não resiste aos encantos da candidata a primeira presa (Mena Suvari). Thomas Ian Nicholas atravessa o filme tentando convencer a namoradinha (Tara Reid) a chegar às vias de fato.
Eddie Kaye Thomas é o dândi mirim que usa por tática espalhar boatos sobre sua virilidade. Por sua vez, Jason Biggs, um misto de Adam Sandler ("O Paizão") e David Schwimmer ("Friends"), resigna-se após o vexame via Internet a um convite desesperançado a um instrumentista "nerd" (Alyson Hannigan). Aconselhando a todos, Natasha Lyonne faz uma sabidinha precoce; Christina Ricci e Drew Barrymore têm concorrência à vista.
Escrevendo no jornal "The New York Times", Stephen Holden viu na comédia sinais da retomada puritana americana. Erra longe: "American Pie" retrata com humor, ainda que por vezes grosseiro, e mesmo com inteligência, a universal ansiedade frente à iniciação sexual. O filme não prega a revolução, mas tampouco serve a reação.


Avaliação:   


Filme: American Pie
Produção: EUA, 1999, 100 min.
Diretor: Paul Weiz
Roteirista: Adam Herz
Com: Jason Biggs, Chris Klein, Thomas Ian Nicholas, Tara Reid Quando: estréia em agosto no Brasil


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