São Paulo, quinta-feira, 28 de agosto de 2008

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COMIDA

Crítica

"Irmão" do Pomodori, La Tomate é mais barato, mais livre e mais francês

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

A berto semana passada na porta ao lado do Pomodori e tendo como donos os mesmos proprietários e chef (além do nome correlato em francês), o La Tomate Bistronomique parece ser mais francês e mais livre que o irmão mais velho. Na verdade, não é bem assim: são quase gêmeos, embora o novo seja mais barato. O Pomodori há tempos não é uma casa exclusivamente italiana (senão na carta de vinhos e nas águas única e irritantemente importadas). E tampouco o La Tomate é exclusivamente francês. Até tem pinta de francês. Mas Jefferson Rueda, chef dos dois restaurantes, prefere brincar com o cardápio, incutindo receitas e ingredientes de várias origens, do mais óbvio italiano ao tailandês ou mineiro. Um pé no ecletismo que, a bem da verdade, o próprio Pomodori já vem fazendo há tempos, aproveitando-se também das técnicas em voga (cozimento a vácuo e em baixa temperatura). Rueda, 31, paulista de São José do Rio Pardo, estudou gastronomia, já trabalhou fora do país e há cinco anos está no Pomodori, que abriu com sua atual sócia nas duas casas, Marina Thompson, e com o chef Rodrigo Martins, que saiu da sociedade há dois meses. Num espaço diminuto, mas acolhedor, com apenas seis mesas (mais as cadeiras no balcão), ele oferece um cardápio pequeno e variado, onde cabem pratos como ovo frito com batata, morcilla e pão, de ar espanhol; fettuccine de açafrão com vieiras, tomate fresco e ovas de massagô, algo ítalo-japonês; e o francês filé ao molho béarnaise. Os pratos são executados com competência. O lagostim, tão fresco quanto possível (o que nunca é muito) e quase cru, é perfumado com galanga (espécie de gengibre asiático) e tem a doçura da musseline de mandioquinha. O namorado, já mais passado, tem gostoso mosaico de sabores (tapenade, purê de cará e grãos). O leitão assado com mandioquinha sauté e mâche faz competente homenagem às raízes interioranas do chef. A rabada à bourguignonne tem a intensidade esperada. Nas sobremesas é que sobra açúcar. E mesmo na que homenageia o tema da casa -tarte tatin de tomate, granité de maçã e coulis de beterraba-, os elementos mais interessantes (tomate e beterraba) sucumbem, e seu sabor desaparece.

josimar@basilico.com.br



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