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Peça em tom fabular e circense estreia hoje
Texto português ganha adaptação para os palcos
JOSÉ ORENSTEIN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Um homem queria endireitar o mundo. Mas acabou por
endireitar colunas. Um outro
queria atravessar o Canal da
Mancha. Mas não tinha braços
nem pernas. Historietas como
essas compõem a peça "O Endireita", que entra em cartaz hoje
em São Paulo.
Em tom de fábula, que às vezes tange o surreal, o espetáculo pretende trazer ao público
uma visão essencialmente humana sobre a possibilidade do
fracasso. Foi essa a leitura dramática que o diretor Zé Henrique de Paula construiu a partir
do texto original - um livro de
crônicas do português Edson
Athayde. A concepção cênica,
porém, não se produziu sem
doses de desafio.
"Nossa pergunta era como
transformar esse material textual em teatro", conta Zé Henrique. O diretor foi convidado
pelo ator Davi Amarante, que,
tendo desenvolvido carreira
em Portugal, acabou por conhecer Edson Athayde, autor
de "O Endireita". O livro só foi
lançado na internet (www.oendireita.com) e não foi concebido para o teatro.
A solução, conta Zé Henrique, "foi o trabalho improvisado em cima do material para
costurar os textos e ir criando
uma narrativa". Dessa forma,
um texto que em grande medida é construído em prosa poética foi traduzido no palco em
cenas narradas e cantadas.
Outra linha que serve de fio
condutor à montagem é a ambientação circense, algo mambembe. "O caráter fabular tem
muito a ver com o universo do
circo, que é quase um "leitmotiv" no livro. Mas é um circo decadente, com cara de cabaré."
Vícios e virtudes do comportamento humano ganham assim o palco sob lente de aumento, ou, como prefere Zé
Henrique, como "naqueles espelhos que deformam e ora te
aumentam, ora te afinam".
O ENDIREITA
Quando: sex., às 21h30; sáb. às 21h;
dom. às 19 horas; até 25/10
Onde: Teatro do Centro da Terra (r.
Piracuama, Sumaré, 19, tel. 0/xx/
11/3675-1595)
Quanto: de R$ 20 a R$ 30
Classificação: 12 anos
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