São Paulo, quinta-feira, 28 de setembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CIRCO
Evento internacional realiza, em setembro de 2001, mostras oficial e competitiva, em SP, Rio e Belo Horizonte
Festival quer reunir no Brasil o mundo do picadeiro

SILVANA ARANTES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Debaixo das lonas e mastros do circo, estima-se que 2.000 companhias brasileiras cruzem a cada ano o país. Entre elas, há mambembes de todas as estirpes. Os herdeiros das habilidades transmitidas de geração a geração (cada vez em menor número) convivem com a expansão notória da corrente do Novo Circo. Esses últimos obedecem a uma cartilha ditada desde 1984 pelo Cirque du Soleil, o expoente do gênero, que tirou os animais do picadeiro e introduziu na velha cena uma narrativa própria do teatro.
Sem estatísticas oficiais, os números referentes ao circo no Brasil correspondem a projeções informais, mas assinalam um público respeitável. "Temos em média 25 milhões de espectadores por ano, o que faz do circo a manifestação artística ao vivo mais assistida do país", diz Alice Viveiros, atriz, diretora teatral e especialista em circo.
Faltava a esse cenário um festival de larga abrangência, na avaliação do Ministério da Cultura, expressa pelo diretor do departamento de Artes Cênicas da Funarte, Humberto Braga. "A qualidade artística e técnica do circo brasileiro é impressionante, a atividade está em expansão e, no entanto, não contávamos com um festival internacional", diz.
A lacuna começa a ser preenchida em setembro de 2001, quando se realiza o 1º Festival Mundial de Circo (de 15 a 29), com atividades em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. O evento é uma co-realização da Spasso Escola Popular de Circo, Agentz Produções Culturais (ambas de Minas Gerais) e Picadeiro Escola de Circo (de São Paulo). O Ministério da Cultura aguarda os resultados da captação de patrocínio com benefício das leis de renúncia fiscal (R$ 1,6 milhão autorizados), para decidir quanto investirá no festival.
A estrutura da programação centra-se na apresentação gratuita de seis espetáculos estrangeiros e quatro nacionais e na promoção de mostra competitiva, aberta a artistas de todos os países. Dois júris (um adulto e outro infantil) farão a avaliação dos 20 candidatos que passarem pela peneira da pré-classificação. Os vencedores nas categorias de números aéreos e de solo recebem R$ 20 mil como prêmio, os segundos colocados, R$ 10 mil cada um, e os terceiros lugares, R$ 5.000.
Os diretores dos festivais franceses do Cirque de Demain, Dominique Mauclair, e de Montecarlo, Jean-Claude Godou, confirmaram presença no júri. Sete crianças de diversos extratos socioculturais comporão o segundo comitê. "As crianças possuem uma visão do circo com mais entusiasmo", diz José Wilson Leite, diretor do Circo Picadeiro e um dos curadores do festival.
Além dos espetáculos convidados, o público das três cidades envolvidas no festival assistirá também a apresentações dos vencedores da mostra competitiva. Exclusivamente em Belo Horizonte, ocorrem oficinas de introdução e aperfeiçoamento, exposição e exibições de vídeo. Até agora, o único nome confirmado para a mostra oficial é o da companhia catalã Circo Pirillo. Leite negocia com grupos da Austrália, EUA e Canadá e informa que os convites nacionais serão feitos seis meses antes do início do festival.


Texto Anterior: Compositor lança livro de poesia hoje
Próximo Texto: Cirque du Soleil recruta artistas brasileiros
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.