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CIRCO
Evento internacional realiza, em setembro de 2001, mostras oficial e competitiva, em SP, Rio e Belo Horizonte
Festival quer reunir no Brasil o mundo do picadeiro
SILVANA ARANTES
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Debaixo das lonas e mastros do
circo, estima-se que 2.000 companhias brasileiras cruzem a cada
ano o país. Entre elas, há mambembes de todas as estirpes. Os
herdeiros das habilidades transmitidas de geração a geração (cada vez em menor número) convivem com a expansão notória da
corrente do Novo Circo. Esses últimos obedecem a uma cartilha
ditada desde 1984 pelo Cirque du
Soleil, o expoente do gênero, que
tirou os animais do picadeiro e introduziu na velha cena uma narrativa própria do teatro.
Sem estatísticas oficiais, os números referentes ao circo no Brasil correspondem a projeções informais, mas assinalam um público respeitável. "Temos em média
25 milhões de espectadores por
ano, o que faz do circo a manifestação artística ao vivo mais assistida do país", diz Alice Viveiros,
atriz, diretora teatral e especialista
em circo.
Faltava a esse cenário um festival de larga abrangência, na avaliação do Ministério da Cultura,
expressa pelo diretor do departamento de Artes Cênicas da Funarte, Humberto Braga. "A qualidade artística e técnica do circo brasileiro é impressionante, a atividade está em expansão e, no entanto, não contávamos com um
festival internacional", diz.
A lacuna começa a ser preenchida em setembro de 2001, quando
se realiza o 1º Festival Mundial de
Circo (de 15 a 29), com atividades
em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. O evento é uma co-realização da Spasso Escola Popular de Circo, Agentz Produções
Culturais (ambas de Minas Gerais) e Picadeiro Escola de Circo
(de São Paulo). O Ministério da
Cultura aguarda os resultados da
captação de patrocínio com benefício das leis de renúncia fiscal (R$
1,6 milhão autorizados), para decidir quanto investirá no festival.
A estrutura da programação
centra-se na apresentação gratuita de seis espetáculos estrangeiros
e quatro nacionais e na promoção
de mostra competitiva, aberta a
artistas de todos os países. Dois
júris (um adulto e outro infantil)
farão a avaliação dos 20 candidatos que passarem pela peneira da
pré-classificação. Os vencedores
nas categorias de números aéreos
e de solo recebem R$ 20 mil como
prêmio, os segundos colocados,
R$ 10 mil cada um, e os terceiros
lugares, R$ 5.000.
Os diretores dos festivais franceses do Cirque de Demain, Dominique Mauclair, e de Montecarlo, Jean-Claude Godou, confirmaram presença no júri. Sete
crianças de diversos extratos socioculturais comporão o segundo
comitê. "As crianças possuem
uma visão do circo com mais entusiasmo", diz José Wilson Leite,
diretor do Circo Picadeiro e um
dos curadores do festival.
Além dos espetáculos convidados, o público das três cidades envolvidas no festival assistirá também a apresentações dos vencedores da mostra competitiva. Exclusivamente em Belo Horizonte,
ocorrem oficinas de introdução e
aperfeiçoamento, exposição e exibições de vídeo. Até agora, o único nome confirmado para a mostra oficial é o da companhia catalã
Circo Pirillo. Leite negocia com
grupos da Austrália, EUA e Canadá e informa que os convites nacionais serão feitos seis meses antes do início do festival.
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