São Paulo, terça-feira, 28 de setembro de 2004

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MÚSICA

Soul II Soul, Green Velvet e Patife foram os destaques do BMF-E, que aconteceu ao lado do estádio Mané Garrincha

Festival brasiliense reúne 67 mil no fim de semana

THIAGO NEY
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

"Back to life, back to reality." Os primeiros versos do maior sucesso do Soul II Soul marcaram um dos grande momentos do Brasília Music Festival - Electronic, evento que reuniu 67 mil pessoas no estacionamento do estádio Mané Garrincha, na capital federal, na sexta e no sábado. Mas a festa foi roubada por outros personagens.
Eram mais de cem DJs, divididos em quatro tendas (para tecno/house, drum'n'bass, rap, trance) e um palco, nesta que foi a primeira edição do festival, que deve acontecer a cada dois anos.
O público na sexta -dia que tinha Soul II Soul, Dave Angel, Fergie, Marky, Murphy- foi menor: 22 mil pessoas, de acordo com a organização. A área era enorme, e mesmo no sábado -Soul II Soul, London Elektricity, Renato Cohen, Mau Mau, Misstress Barbara, Skazi-, com 45 mil pessoas, não havia grandes filas em banheiros e bares nem aglomerações entre as tendas.
Outro ponto a favor foi o capricho na decoração. As tendas eram bonitas, coloridas. O espaço destinado aos DJs de rap era o que mais chamava a atenção: em formato de "u", ao ar livre, cercado por carcaças de ônibus pichadas e com parte das caixas de som suspensas por um guindaste.
Um dos equívocos do BMF-E foi ter apostado no Soul II Soul como "carro-chefe" do evento. O grupo londrino, que fez história na virada dos anos 80 para os 90 com uma mistura de soul, r&b, rap e disco, não grava nada há nove anos, e o jovem público de música eletrônica talvez nem se lembre mais de hits como "Back to Life, "A Dream's a Dream" e "Get a Life". Assim, o grupo não chamou muita gente nos início das noites de sexta e de sábado.
O Soul II Soul veio com o seu chamado Soundsystem, com Jazzie B. nos pick-ups e três vocalistas, que cantavam em cima das músicas tocadas por Jazzie. Além de hits da banda, incluíram no set uma coleção de sucesso de disco e música negra, como Michael Jackson, Dee Lite e House of Pain, entre outros.
Comoção e catarse mesmo foram causados por Patife, em sua apresentação na área de drum'n'bass, pouco depois da meia-noite de sábado. Quando o DJ iniciou os primeiros acordes de "LK" -música de Marky e Xerxes que utiliza sample de Jorge Ben-, um monte de gente foi correndo em direção à tenda -que já estava bem cheia.
O público não apenas dançava, mas pulava e gritava; foi impressionante o que Patife fez ali. A tenda de d'n'b permaneceu lotada e animada no restante da noite, que teve ainda Craze (DJ norte-americano extremamente habilidoso) e o inglês Bryan Gee.
Outro grande momento do festival foi o set de tecno de Green Velvet. Natural de Chicago, ele iria tocar na sexta, mas perdeu o vôo e foi transferido para o dia seguinte. Green Velvet já veio várias vezes ao Brasil, mas sempre realiza algo novo; é pesado sem ser exagerado; sua música é acessível, mas não apelativa.
Entre as atrações de rap, os destaques foram os DJs Jam (EUA), Green Lantern (EUA) e Hum. Mas não dá para deixar de falar sobre a apresentação do rapper Xis e do DJ CIA. Xis cantava sobre bases colocadas por CIA e, por duas horas, transformou o espaço num imenso baile de black music ao ar livre.
A tenda de trance e psy-trance -que tinha em seu interior um exótico espaço para truques circenses-, também levou público bom, e encerrou o festival às 12h de domingo, com um set do israelense Skazi.


O jornalista Thiago Ney viajou a convite da organização do evento.

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