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MÚSICA
Soul II Soul, Green Velvet e Patife foram os destaques do BMF-E, que aconteceu ao lado do estádio Mané Garrincha
Festival brasiliense reúne 67 mil no fim de semana
THIAGO NEY
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
"Back to life, back to reality." Os
primeiros versos do maior sucesso do Soul II Soul marcaram um
dos grande momentos do Brasília
Music Festival - Electronic, evento
que reuniu 67 mil pessoas no estacionamento do estádio Mané
Garrincha, na capital federal, na
sexta e no sábado. Mas a festa foi
roubada por outros personagens.
Eram mais de cem DJs, divididos em quatro tendas (para tecno/house, drum'n'bass, rap, trance) e um palco, nesta que foi a primeira edição do festival, que deve
acontecer a cada dois anos.
O público na sexta -dia que tinha Soul II Soul, Dave Angel, Fergie, Marky, Murphy- foi menor:
22 mil pessoas, de acordo com a
organização. A área era enorme, e
mesmo no sábado -Soul II Soul,
London Elektricity, Renato Cohen, Mau Mau, Misstress Barbara, Skazi-, com 45 mil pessoas,
não havia grandes filas em banheiros e bares nem aglomerações entre as tendas.
Outro ponto a favor foi o capricho na decoração. As tendas eram
bonitas, coloridas. O espaço destinado aos DJs de rap era o que
mais chamava a atenção: em formato de "u", ao ar livre, cercado
por carcaças de ônibus pichadas e
com parte das caixas de som suspensas por um guindaste.
Um dos equívocos do BMF-E
foi ter apostado no Soul II Soul
como "carro-chefe" do evento. O
grupo londrino, que fez história
na virada dos anos 80 para os 90
com uma mistura de soul, r&b,
rap e disco, não grava nada há nove anos, e o jovem público de música eletrônica talvez nem se lembre mais de hits como "Back to Life, "A Dream's a Dream" e "Get a
Life". Assim, o grupo não chamou
muita gente nos início das noites
de sexta e de sábado.
O Soul II Soul veio com o seu
chamado Soundsystem, com Jazzie B. nos pick-ups e três vocalistas, que cantavam em cima das
músicas tocadas por Jazzie. Além
de hits da banda, incluíram no set
uma coleção de sucesso de disco e
música negra, como Michael
Jackson, Dee Lite e House of Pain,
entre outros.
Comoção e catarse mesmo foram causados por Patife, em sua
apresentação na área de
drum'n'bass, pouco depois da
meia-noite de sábado. Quando o
DJ iniciou os primeiros acordes
de "LK" -música de Marky e
Xerxes que utiliza sample de Jorge
Ben-, um monte de gente foi
correndo em direção à tenda
-que já estava bem cheia.
O público não apenas dançava,
mas pulava e gritava; foi impressionante o que Patife fez ali. A tenda de d'n'b permaneceu lotada e
animada no restante da noite, que
teve ainda Craze (DJ norte-americano extremamente habilidoso) e
o inglês Bryan Gee.
Outro grande momento do festival foi o set de tecno de Green
Velvet. Natural de Chicago, ele
iria tocar na sexta, mas perdeu o
vôo e foi transferido para o dia seguinte. Green Velvet já veio várias
vezes ao Brasil, mas sempre realiza algo novo; é pesado sem ser
exagerado; sua música é acessível,
mas não apelativa.
Entre as atrações de rap, os destaques foram os DJs Jam (EUA),
Green Lantern (EUA) e Hum.
Mas não dá para deixar de falar
sobre a apresentação do rapper
Xis e do DJ CIA. Xis cantava sobre
bases colocadas por CIA e, por
duas horas, transformou o espaço
num imenso baile de black music
ao ar livre.
A tenda de trance e psy-trance
-que tinha em seu interior um
exótico espaço para truques circenses-, também levou público
bom, e encerrou o festival às 12h
de domingo, com um set do israelense Skazi.
O jornalista Thiago Ney viajou a convite
da organização do evento.
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