São Paulo, sexta-feira, 28 de setembro de 2007

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King Cole abre Coleção Folha Clássicos do Jazz

Pianista e cantor é tema do primeiro livro-CD, que chega neste domingo às bancas

Exemplo para pianistas como Art Tatum e Oscar Peterson, Cole ficou mais conhecido por sua voz, em canções como "Nature Boy"

DA REPORTAGEM LOCAL

Nat King Cole teve duas facetas igualmente importantes, e ambas estão, de uma certa forma, representadas no primeiro volume da Coleção Folha Clássicos do Jazz, que chega às bandas neste domingo.
Filho de um ex-açougueiro do Alabama, que se mudou para Chicago, onde virou pastor de igreja batista, Nathaniel Adams Coles (1919-1965) começou como um talentoso pianista de jazz, sucessor do estilo de Earl Hines, formando, em 1938, no Century Club, em Los Angeles, um grupo que faria história: o King Cole Trio (o apelido King foi dado ao artista por Bob Lewis, dono do estabelecimento).
Piano, guitarra, contrabaixo: o trio não tinha bateria. E, de quebra, era uma alternativa mais camerística (e econômica) à sonoridade grandiosa das "big bands". Foi com essa formação que Cole se tornou o ícone de pianistas de jazz como Art Tatum e Oscar Peterson, influenciados por seu estilo de toque ligeiro, e apoio harmônico e melódico constante aos solos dos parceiros.
Foi também em um nightclub de Los Angeles que, meio por acaso, Cole desenvolveu o segundo e mais conhecido aspecto de sua trajetória profissional. Ao que parece, foi por repetida insistência de um cliente regular, que dava boas gorjetas, que ele começou a cantar. O fraseado especial de Cole, "acariciando" as palavras, agradou. "Nature Boy", "Unforgettable", "Mona Lisa": os sucessos românticos se sucederam. E o trio acabou dissolvido, em 1955.
O carisma o levou ao cinema, com filmes como o western "Dívida de Sangue" ("Cat Ballou", de Elliot Silverstein, 1965, com Jane Fonda) e "St. Louis Blues" (1958, de Allen Reisner, em que interpreta o compositor W. C. Handy).
E gravou até, nos estúdios da Odeon, no Rio de Janeiro, um pitoresco LP chamado "A Meus Amigos", em cuja capa aparece envergando um chapelão diante de pôsteres do "Brazil", e no qual canta, em um português cheio de sotaque e acompanhado por Sylvia Teles e o Trio Irakitan, "Ninguém me Ama" (Antônio Maria), "Caboclo do Rio" (Babi de Oliveira) e outras.

Sem orgulho
"Minha voz não é algo do que eu possa me orgulhar", declarou, modestamente, em entrevista ao "The Saturday Evening Post", em 1954. "Ela atinge, talvez, duas oitavas de extensão. Acho que é da rouquidão, do ruído da respiração, que alguns gostam".
O fato é que, graças aos discos e ao cinema, até morrer prematuramente, aos 45 anos, de câncer no pulmão (era um fumante compulsivo), a popularidade de Cole só fez crescer. E as vertentes de jazzista, de pianista e de cantor estão presentes no volume que chega às bancas no domingo, "Nat King Cole at the Sands".
Gravado ao vivo, no Sands Hotel, em 1960, o álbum traz o artista à frente de uma big band. Enquanto a inflexão romântica fica clara em "I Wish You Love" e "You Leave me Breathless", acentos mais jazzísticos se revelam no vocal de "Joe Turner Blues". E seu talento ao piano também se faz notar, em "Where or When" e "In a Mellow Tone".


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