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CRÍTICA ERUDITO
Econômico, Tibiriçá rege quase só com o olhar
Competência do maestro é destaque da Sinfônica Heliópolis, que tocou domingo em SP, antes de turnê pela Europa
SIDNEY MOLINA
CRÍTICO DA FOLHA
Antes, a intervenção com
direção cênica de José Possi
Neto: sob o batuque da percussão, cordas e sopros entraram em cena desfilando,
rodopiando instrumentos.
Depois, a assinatura de
convênio entre a Prefeitura
de São Paulo e o Instituto
Baccarelli; e, no meio, música de qualidade interpretada
pela Sinfônica Heliópolis, regida por Roberto Tibiriçá.
O concerto do último domingo na Sala São Paulo
ocorreu três dias antes do início da primeira turnê europeia dos 75 jovens, que participarão do Festival Beethoven em Bonn -cidade natal
do compositor (1770-1827)-
e farão outras apresentações
na Alemanha e também na
Holanda e na Inglaterra.
A Sinfônica Heliópolis
(que não é formada apenas
por membros da comunidade) é o grupo de excelência
de um projeto educacional
consistente, que inclui também a Orquestra do Amanhã
e o Coral da Gente.
O maestro indiano Zubin
Mehta, patrono do grupo, esteve presente no concerto,
após haver regido, pela manhã, no Parque Ibirapuera.
No breve programa, as
"Bachianas Brasileiras nº 4"
de Villa-Lobos (1887-1959) e
a "Sinfonia nº 8" de Beethoven. Villa-Lobos inscreveu o
tempo de Bach no espaço
brasileiro do século 20, enquanto que Beethoven é o
pioneiro da modernidade, o
músico que primeiro escancarou as fraturas da subjetividade.
Discípulo de Eleazar de
Carvalho (1912-1996), Roberto Tibiriçá tem um gestual
econômico, voltado apenas
para a estrutura musical. As
frases -conduzidas com
gentileza e elegância- estão
sempre sob controle.
Ao pressentir a mera possibilidade de um desencontro,
frequentemente para de se
mexer, o que direciona o foco
dos músicos para a pura escuta, resolvendo tudo.
No "Allegretto" da "Oitava", regeu quase apenas com
o olhar: que bom que a Sinfônica possa contar com um regente titular tão experiente e
competente.
PELO MUNDO
Durante a turnê, serão
apresentadas também outras
obras, com destaque para
"Cidade do Sol" -tradução
literal da expressão grega
"heliópolis"-, especialmente composta por André Mehmari para o grupo.
Foi um incêndio na favela,
em 1996, que motivou Silvio
Baccarelli a começar a lutar
pelo ensino de música na região. Depois de 14 anos, a
música mexe com a cidade e
ganha o mundo, deixando
para trás a "Estrada das Lágrimas", agora tão-só o nome
da rua em que se localiza o
Instituto Baccarelli.
SINFÔNICA HELIÓPOLIS
AVALIAÇÃO bom
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