São Paulo, quarta-feira, 28 de setembro de 2011

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TRECHO

Glauber estudava na sala com Bananeira e Guerrinha, quando Lucinha entrou silenciosamente, sem ser notada. (...) quando acendeu a luz, deu um grito: "Glauber, meu filho! Corre! Um ladrão!"
Um negro alto e forte, ofuscado pela claridade súbita, pilhava o armári do quarto.
O ladrão, assustado, colocou a mão numa faca que levava na cintura.
Com cuidado e gestos lentos, Glauber passou o braço sobre os ombros da mãe e a tranquilizou, dizendo alto o suficiente para que o ladrão ouvisse:
"Calma, mãe, este homem não é um ladrão: ele está é com fome."
"Não estou com fome porra nenhuma! Eu sou é ladrão!", reagiu o negro, surpreso e ameaçador, apontando a faca (...)
"Ô, meu filho", disse Glauber em tom paternal, "é claro que você não é um criminoso, você é um cara jovem, bonito, cheio de vida, as mulheres devem gostar muito de você. Vamos resolver logo isso. Venha cá". E se encaminhou para a cozinha com Lucinha e os amigos, fazendo um sinal para que o ladrão o seguisse.
[...]
Enquanto Caetano se vestia apressado no quarto, Necy abriu a porta e Glauber entrou esbravejando. Assustado, Caetano ouviu-os conversando na cozinha, e Necy tranquilizando o irmão ciumento: não estava traindo seu marido, era só um amigo bicha de Salvador.

Extraído de "A Primavera do Dragão"


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