São Paulo, sábado, 28 de outubro de 2000

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Livro sobre o dono do SBT mostra que Roberto Marinho "salvou" o apresentador

Escrito por porta-voz, "A Fantástica História de Silvio Santos" chega às livrarias na próxima semana
Silvio Santos ganha biografia chapa-branca

DANIEL CASTRO
COLUNISTA DA FOLHA

A história da segunda maior rede de TV do Brasil seria diferente se não fosse a ajuda do homem que construiu o maior conglomerado de comunicações do país.
Essa é, talvez, a revelação mais intrigante do livro "A Fantástica História de Silvio Santos" (Editora do Brasil, 298 págs., R$ 23,90), que chega às livrarias na próxima semana (quarta ou quinta-feira).
Escrito pelo jornalista Arlindo Silva, 73, que durante 24 anos foi assessor de imprensa, primeiro diretor de jornalismo do SBT e porta-voz de Silvio Santos, o livro é uma biografia chapa-branquíssima do "patrão". Não traz nenhum relato que comprometa a imagem do personagem/empresário, tratado como mito, mas é uma obra fundamental para quem quer conhecer os bastidores da construção do SBT e a personalidade de um dos "gênios" da TV brasileira, que completa 70 anos em 12 de dezembro.
Silva conta que, se não fosse Roberto Marinho, Senor Abravanel (o verdadeiro nome de Silvio Santos) não teria renovado contrato com a Globo em 1971, onde apresentava o "Programa Silvio Santos", líder absoluto aos domingos.
"Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho) e Walter Clark -executivos da Globo- queriam elitizar o programa. Se Silvio não tivesse renovado, ele iria para a Tupi, que já fraquejava na época, e a história poderia ser outra. Mas o dr. Roberto (Marinho) fez questão de renovar com Silvio e estendeu a mão a ele mais duas outras vezes", disse Silva à Folha.
A renovação do contrato, relata o jornalista, aconteceu justamente quando Senor Abravanel acabara de perder uma disputa pela compra de 50% da TV Record para o grupo Gerdau. Anos depois, Silvio Santos, "obsessivo por uma rede de TV", viria a controlar a Record.
O dono da TV Globo ajudaria o principal concorrente de novo, em 1988, "devolvendo" ao SBT Gugu Liberato, que acabara de contratar, num momento em que Silvio Santos temia abandonar os auditórios por causa de um edema na garganta.
"A Fantástica História..." relata com franqueza e riqueza de detalhes os bastidores da aproximação de Silvio Santos com o regime militar, o trabalho de "relações públicas" para livrar o "moderno empresário" da imagem de ex-camelô e folclórico animador de auditório.
Mas fica devendo informações sobre a vida particular do "ídolo" que, no livro, não namora, nunca passeia. O empresário é heróico até quando explora a jogatina, tumultua a política nacional ou mente para jornalistas.
A reportagem de Arlindo Silva é despretensiosa e fluída. Foi feita para vender -deverá ter uma tiragem de 100 mil exemplares.


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