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Livro sobre o dono do SBT mostra que Roberto Marinho "salvou" o apresentador
Escrito por porta-voz, "A Fantástica História de Silvio Santos" chega às livrarias na próxima semana
Silvio Santos ganha biografia chapa-branca
DANIEL CASTRO
COLUNISTA DA FOLHA
A história da segunda maior rede de TV do Brasil seria diferente
se não fosse a ajuda do homem
que construiu o maior conglomerado de comunicações do país.
Essa é, talvez, a revelação mais
intrigante do livro "A Fantástica
História de Silvio Santos" (Editora do Brasil, 298 págs., R$ 23,90),
que chega às livrarias na próxima
semana (quarta ou quinta-feira).
Escrito pelo jornalista Arlindo
Silva, 73, que durante 24 anos foi
assessor de imprensa, primeiro
diretor de jornalismo do SBT e
porta-voz de Silvio Santos, o livro
é uma biografia chapa-branquíssima do "patrão". Não traz nenhum relato que comprometa a
imagem do personagem/empresário, tratado como mito, mas é
uma obra fundamental para
quem quer conhecer os bastidores da construção do SBT e a personalidade de um dos "gênios" da
TV brasileira, que completa 70
anos em 12 de dezembro.
Silva conta que, se não fosse Roberto Marinho, Senor Abravanel
(o verdadeiro nome de Silvio Santos) não teria renovado contrato
com a Globo em 1971, onde apresentava o "Programa Silvio Santos", líder absoluto aos domingos.
"Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho) e Walter Clark
-executivos da Globo- queriam elitizar o programa. Se Silvio
não tivesse renovado, ele iria para
a Tupi, que já fraquejava na época, e a história poderia ser outra.
Mas o dr. Roberto (Marinho) fez
questão de renovar com Silvio e
estendeu a mão a ele mais duas
outras vezes", disse Silva à Folha.
A renovação do contrato, relata
o jornalista, aconteceu justamente quando Senor Abravanel acabara de perder uma disputa pela
compra de 50% da TV Record para o grupo Gerdau. Anos depois,
Silvio Santos, "obsessivo por uma
rede de TV", viria a controlar a
Record.
O dono da TV Globo ajudaria o
principal concorrente de novo,
em 1988, "devolvendo" ao SBT
Gugu Liberato, que acabara de
contratar, num momento em que
Silvio Santos temia abandonar os
auditórios por causa de um edema na garganta.
"A Fantástica História..." relata
com franqueza e riqueza de detalhes os bastidores da aproximação de Silvio Santos com o regime
militar, o trabalho de "relações
públicas" para livrar o "moderno
empresário" da imagem de ex-camelô e folclórico animador de auditório.
Mas fica devendo informações
sobre a vida particular do "ídolo"
que, no livro, não namora, nunca
passeia. O empresário é heróico
até quando explora a jogatina, tumultua a política nacional ou
mente para jornalistas.
A reportagem de Arlindo Silva é
despretensiosa e fluída. Foi feita
para vender -deverá ter uma tiragem de 100 mil exemplares.
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