São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 2005

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Com número crescente de bandas e festas, cena mod de SP passa por revitalização ao reverenciar música e visual sessentistas

Os novos anos 60

Ayrton Vignola/Folha Imagem
Claudia Almeida, Alberto Zioli e Cyro Cinti, seguidores do mod, na Funhouse, em São Paulo


BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando não passava o dia vasculhando os classificados, o hoje desempregado bancário José Américo dos Santos, 31, costumava se desdobrar: mantinha a rotina diurna na agência paulistana e, à noite, colocava terno e calça bem justas para subir ao palco e adotar outra identidade. É nesse momento que, ainda hoje, ele se torna Jun Santos, guitarrista da banda Laboratório SP, e veste a camisa mod.
Como músico, Santos movimenta a renovada cena mod da cidade, que inclui um número crescente de fãs de grupos ingleses de rock dos anos 60. Atualmente, duas festas no centro de SP e seis bandas dão forma e visibilidade ao estilo de vida que surgiu em Londres nos anos 50/60.
Como seus originais, o público mod tem preocupações estéticas com roupas -ternos e gravatas, para os homens, coloridas saias e vestidinhos, para as moças-, preferência por grupos de rock como The Who e por nomes da soul music americana, e paixão por scooters (como a Vespa).
É um público que, num contexto romântico, contesta o status quo, celebra a amizade, a vida noturna e o amor pela cidade. Ao mesmo tempo, a HQ "The Originals - Sangue nas Ruas", de Dave Gibbons, retrata o cotidiano dos mods originais e ganha edição no Brasil.
Mas, se em 1985, a banda Ira! já cantava, em seu primeiro disco, "Ninguém Entende um Mod!", será que hoje todos os participantes dessa cena entendem por que o estilo continua fascinando tanto, dando origem a um "boom"?
A identificação com certo caráter proletário do mod explica em parte a origem dessa nova geração. "O mod surgiu no pós-guerra, entre os garotos ingleses que amavam a soul music americana e não tinham muito dinheiro para sair", explica Santos. "Muitos deles eram desempregados, mas isso não impedia que eles saíssem à noite para festas e se preocupassem em andar bem-vestidos."
Um dos principais responsáveis por essa nova onda sessentista, o músico Alberto Zioli, 24, diz que seu fascínio pelo período veio inicialmente da sonoridade. "Escuto soul music e bandas de garagem desde que eu tinha 13 anos", conta. "É um som inovador, há muita qualidade musical por ali. Havia certa ingenuidade, uma vontade de querer construir o novo."


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