São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 2011 |
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cinema CRÍTICA THRILLER Soderbergh volta à boa forma enfocando ameaça de vírus 'Contágio' aborda temas como globalização, paranoia e ameaça terrorista
ANDRÉ BARCINSKI CRÍTICO DA FOLHA Em "Contágio", o cineasta Steven Soderbergh volta à boa forma. É seu melhor filme desde "Traffic" (2000). Curiosamente, são filmes parecidos: ambos atacam grandes temas (em "Traffic" o tráfico de drogas, em "Contágio" uma epidemia mortal), utilizando múltiplos personagens e histórias que se cruzam. O resultado é um assustador thriller médico, que toca em temas atuais como globalização, miséria, paranoia e ameaças terroristas. "Contágio" começa em Hong Kong, onde uma americana, Beth (Gwyneth Paltrow), janta num restaurante local antes de embarcar de volta para casa. Numa escala do avião em Chicago, ela dorme com um ex-namorado. Depois, retorna para o marido (Matt Damon). Algumas horas depois, Beth sofre uma convulsão e morre. Os médicos não sabem dizer o que a matou. A partir daí, o filme traça o alastramento do vírus em vários países e o esforço de médicos e cientistas para evitar sua disseminação. "Contágio" é, de certa forma, um filme frio e distante, o que acaba realçando o impacto de sua mensagem. Soderbergh não exagera no drama, optando por uma narrativa simples e sem efeitos dramáticos comuns a esse tipo de produção, tais como música grandiloquente, gestos heroicos e corridas contra o relógio. O cineasta prefere artifícios mais criativos e impactantes, como as cenas em que a câmera permanece, por alguns segundos, pousada na imagem de um objeto -um corrimão, uma maçaneta, um copo- tocado por uma pessoa infectada. De gelar os ossos. Igualmente assustadores são alguns diálogos "técnicos", que ressaltam a força destruidora do vírus e a dificuldade de impedir o contágio. Como uma cena em que a bióloga interpretada por Kate Winslet conta que uma pessoa toca no próprio rosto "de 2.000 a 3.000 vezes por dia". A tensão do filme se sustenta na descrição da luta dos cientistas para identificar e matar o vírus e nas decisões de burocratas sobre como evitar um contágio global. Não há uma solução milagrosa ou salvação que vem do espaço. Somos nós contra o vírus. A fotografia -também de Soderbergh, sob o pseudônimo de Peter Andrews- tem um melancólico tom azulado, o que realça a frieza da narrativa. Se "Contágio" é uma metáfora de nossos tempos -um mundo encolhido pela globalização e tecnologia, mas com povos cada vez mais divididos por medo e ignorância-, só Soderbergh pode dizer. Mas que cai como uma luva no mundo atual, isso é fato. CONTÁGIO DIREÇÃO Steven Soderbergh PRODUÇÃO EUA, 2011 COM Gwyneth Paltrow e Matt Damon ONDE Anália Franco UCI, Cidade Jardim Cinemark e circuito CLASSIFICAÇÃO 12 anos AVALIAÇÃO bom Texto Anterior: Diário da caverna - Marcos Dávila: A garota da bicicleta Próximo Texto: Crítica/Comédia: Selton Mello homenageia cinema popular em novo filme Índice | Comunicar Erros |
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