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Lourenço Mutarelli volta à cena com "O Natimorto"
Adaptação do segundo romance do quadrinista estréia hoje, com direção de Bortolotto
História sobre agente artístico que propõe a jovem cantora o confinamento em um quarto de hotel entra em cartaz no Sesc Anchieta
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de ter seu romance de
estréia, "O Cheiro do Ralo", levado às telas em março deste
ano por Heitor Dhalia, o quadrinista Lourenço Mutarelli fecha 2007 vendo sua segunda
incursão no gênero ganhar os
palcos. Menos estilizado do que
o filme estrelado por Selton
Mello, mas com uma fauna de
personagens lúgubres à altura
deste, "O Natimorto" estréia
hoje em São Paulo.
No teatro, sai de cena o Lourenço obcecado pelo odor do
banheiro e entra O Agente, fumante inveterado acossado pelas imagens impressas no verso
dos maços ("São um prenúncio
do dia") e pelos possíveis elos
destas com as cartas do tarô.
Quando sua nova cliente, A
Voz (que não emite nenhum
som ao abrir a boca), chega à cidade, ele lhe faz uma proposta
radical: isolarem-se em um
quarto de hotel para ficarem a
salvo das vaias, críticas e tomates dos detratores. Na semi-clausura (ela sai eventualmente para tocar a carreira), surge
uma relação de cumplicidade
e dependência.
A transposição do livro para
o palco foi iniciativa da atriz
Maria Manoella, intérprete d'A
Voz, que descobriu "O Natimorto" em 2005, um ano após
o lançamento. "A estrutura é
mais de peça do que de romance. O universo do Mutarelli, de
solidão, confinamento, estranhamento e horror, me atrai
bastante. É muito fácil filmar o
horror, mas é raro vê-lo no teatro", diz.
Para Nilton Bicudo, que faz O
Agente, a proposta de "discutir
uma relação entre quatro paredes" foi o maior chamariz. "E
também achei interessante o
fato de o personagem querer
assumir sua assexualidade [ele
sublima a libido ao descobrir a
infidelidade da mulher, vivida
por Martha Nowill]. Isso tira da
frente um monte de dor de cabeça. Com a banalização atual
do sexo, é quase uma antevisão
do futuro", afirma.
O dramaturgo Mário Bortolotto, que vê em Mutarelli "um
louco genial", assina adaptação
e direção. Do original, enxugou
os monólogos d'O Agente ("senão ficaria com quase quatro
horas"), mas preservou os diálogos. "Eles têm um ritmo que
precisava ir para a cena", avalia.
O NATIMORTO
Quando: estréia hoje, às 21h; ter., qua.
e qui., às 21h. Até 20/12
Onde: teatro Sesc Anchieta (r. Dr. Vila Nova, 245, tel. 0/xx/11/3234-3000)
Quanto: R$ 20
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