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TELEVISÃO
Crítica
Cantet mistura sexo e liberação econômica
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
É quase certo que "Em Direção ao Sul" (TC Cult, 22h; 16
anos) seja o mais fraco dos filmes que, neste século, projetaram Laurent Cantet como um
dos melhores diretores europeus em atividade. Falar em
"mais fraco", no caso, é inexato.
É, sim, aquele de menor impacto temático.
"A Agenda" tratava da grave
questão do desemprego e de
como um homem o omitia até
de si mesmo. "Entre os Muros
da Escola" cuidava da difícil integração de estudantes de origens e classes sociais diversas
num país de cultura tradicional
sólida como a França.
Mais modestamente, "Em
Direção ao Sul" nos remete ao
turismo sexual efetuado por algumas senhoras em hotéis de
luxo no Haiti, que no caso disputam a atenção de um rapaz.
Se fosse no Brasil e os turistas fossem homens, talvez nos
sentíssemos mais concernidos.
No entanto, a situação que o filme descreve não é em nada
menos degradante do que essa
com razoável frequência denunciada no Nordeste.
Ou antes, o fato é que Cantet
lhe acrescenta um outro elemento de inquietação e turbulência. A liberação sexual e econômica da mulher branca e europeia em contraste com a submissão imposta ao negro pobre
do Haiti. Inútil dizer: o resort
onde elas se hospedam é um
oásis no meio da miséria. E,
também sabido, não é demagogia que Cantet faz em torno da
questão.
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