São Paulo, sábado, 28 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TELEVISÃO

Crítica

Cantet mistura sexo e liberação econômica

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

É quase certo que "Em Direção ao Sul" (TC Cult, 22h; 16 anos) seja o mais fraco dos filmes que, neste século, projetaram Laurent Cantet como um dos melhores diretores europeus em atividade. Falar em "mais fraco", no caso, é inexato. É, sim, aquele de menor impacto temático.
"A Agenda" tratava da grave questão do desemprego e de como um homem o omitia até de si mesmo. "Entre os Muros da Escola" cuidava da difícil integração de estudantes de origens e classes sociais diversas num país de cultura tradicional sólida como a França.
Mais modestamente, "Em Direção ao Sul" nos remete ao turismo sexual efetuado por algumas senhoras em hotéis de luxo no Haiti, que no caso disputam a atenção de um rapaz.
Se fosse no Brasil e os turistas fossem homens, talvez nos sentíssemos mais concernidos. No entanto, a situação que o filme descreve não é em nada menos degradante do que essa com razoável frequência denunciada no Nordeste.
Ou antes, o fato é que Cantet lhe acrescenta um outro elemento de inquietação e turbulência. A liberação sexual e econômica da mulher branca e europeia em contraste com a submissão imposta ao negro pobre do Haiti. Inútil dizer: o resort onde elas se hospedam é um oásis no meio da miséria. E, também sabido, não é demagogia que Cantet faz em torno da questão.


Texto Anterior: O melhor do dia
Próximo Texto: José Simão: Enchentes! Banana boat sem IPI!
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.