São Paulo, sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

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Crítica

Criminalização do desejo é foco de "Assédio"

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Existe um lado bem sério, digamos assim, em "Assédio" (TC Cult, 20h10): a dificuldade de aproximação entre a Europa e a África, entre dois mundos. Mas, vamos convir, à parte a dramática diferença de conteúdo, estamos num território próximo ao de "O Último Tango em Paris".
A diferença vem do fato de a bela Shandurai ter saído, exilada, de uma dessas selvagens ditaduras africanas. Com o marido preso em seu país, estudando medicina na Itália, trabalha na casa de um famoso pianista, Kinsky. E ele começa a dar em cima da garota. O que é uma medida de bom senso, porque ela é mesmo de arrasar.
Mas o que pensar de um patrão que paquera (e como!) sua empregada? Em outros tempos, no Brasil, daria uma comédia erótica e ficávamos por isso. Hoje, nos EUA, pelo menos, dá cadeia. Mas é como se Bertolucci perguntasse: muito bem, mas o que fazer com o desejo? Reprime-se e pronto? E aí joga-se Prozac na água? A criminalização do desejo é, no fundo, o assunto maior deste filme.


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