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O Mensageiro
THALES DE MENEZES
da Reportagem Local
É difícil estar na pele de Kevin
Costner, o astro que as bilheterias
resolveram ignorar. Mas uma coisa é certa: o sujeito tem coragem.
Vindo de um projeto megalomaníaco fracassado, o bom filme de
aventuras "Waterworld", ele poderia ter aceito um papel de galã
numa produção bacaninha e repetir seu sucesso de "O Guarda-Costas". No entanto, ele resolveu embarcar em novo projeto pessoal, o
pouco palatável "O Mensageiro".
Mais uma vez Costner escolheu a
ficção científica. De certo modo, é
possível dizer que ele desidratou
"Waterworld". O futuro numa
Terra coberta pelas águas foi substituído pela versão mais árida dos
EUA que as telas já exibiram.
O ano é 2013, o planeta já foi chacoalhado por guerras da pesada e o
que sobrou não é suficiente para
animar ninguém. No meio da miséria, ele interpreta um andarilho
que tem suas rusgas com um líder
militar que domina esse mundo
desolado, Belém (Bill Paxton).
Vagando pelas pradarias, ele
acha um uniforme de carteiro e alguma correspondência. Resolve
entregar as cartas, querendo tirar
algum proveito dos pobres coitados que as recebem. O que ele nunca poderia imaginar é que sua presença incentivasse uma nova esperança nas pessoas.
Contando mentiras sobre uma
reconstrução do país, inventando
até um novo presidente, o Mensageiro (Postman), como passa a ser
chamado, motiva alguns homens
que decidem formar um batalhão
de "carteiros", para enfrentar os
soldados de Belém.
O filme tem ligações com o premiado "Dança com Lobos", faroeste meio paradão que encheu
Costner de estatuetas do Oscar, e
com o fiasco "Waterworld", que
foi dirigido por Kevin Reynolds,
mas sempre é tratado como um
projeto de Costner, que tomou as
rédeas no meio da filmagem.
De "Dança com Lobos" ele emprestou as pradarias, tomando
apenas o cuidado de torná-las secas e devastadas. De "Waterworld"
veio o perfil do personagem principal, mais uma vez um sujeito que
primeiro pensa unicamente em
seu proveito pessoal, mas vai aos
poucos sendo empurrado para lutar pelos outros.
Costner tem talento para rodar
cenas em amplos espaços, conseguindo dar um tom épico à narrativa, e o roteiro é criativo em sua
concepção de futuro. Deixa de lado
o espírito barbárie de "Mad Max" e
suas imitações, mas nem por isso
pinta um cenário mais animador.
Há melancolia em seus personagens, uma tristeza profunda de
quem perdeu o mundo.
Longo (lançado em duas fitas) e
nem sempre empolgante, "O Mensageiro" é uma ficção científica feita com cérebro. Não é para todos
os públicos, apenas para quem
gosta de cinema.
²
Filme: O Mensageiro
Produção: EUA, 1997
Direção: Kevin Costner
Com: Kevin Costner, Bill Paxton
Lançamento: Warner (011/820-6777)
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