São Paulo, sábado, 29 de janeiro de 2005

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FILMES

TV PAGA

"Longe do Paraíso" expõe o museu de cera de Haynes

PAULO SANTOS LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Sem dúvida "Longe do Paraíso" cumpre esteticamente a fidelidade à sua matriz, o cinema de Douglas Sirk. Aqui estão o Technicolor gritando na imagem colorizada, a câmera invisível registrando aquele mundo doméstico e quase simbólico de um ideal de felicidade, a música de Elmer Bernstein fazendo ponte entre os clássicos sirkianos dos anos 50 e o presente. Mas este filme de Todd Haynes parece não decolar da pura reverência estética.
Porque o melodrama que Sirk fazia nos anos 50 apoiava-se justamente no abalo de uma convenção, ou seja, em alguma desordem subterrânea que vinha à tona e que punha em xeque vários mandamentos morais. Era uma rachadura na casca polida do modelo familiar típico do imaginário americano, que o alemão Sirk sabia seqüestrar tão bem para a tela. E era na imagem que a coisa tomava corpo, e por isso os espaços e seus objetos eram tão valorizados em cena (basta lembrarmos da televisão que a solitária viúva ganha dos filhos em "Tudo o que o Céu Permite").
Haynes freqüenta outros tempos, pós-revolução de costumes, e seu filme apenas visita este cinema sem travar novos diálogos ferozes com nosso tempo. Estamos (também) nos anos 50, e Julianne Moore faz a feliz dona-de-casa que descobre que seu marido (Dennis Quaid), além de falido, é homossexual. Desolada, vai tomando afeição pelo jardineiro negro, o que cria celeuma entre suas amigas, claro. Um evento que hoje soa bem cotidiano, e daí este filme só ganhar sentido se o mundo não tiver mudado tanto. Mudou, mas não nosso olhar, que ainda é engambelado pelos truques dramatúrgicos, aqui muito bem orquestrados por Haynes, devoto fiel não só de Sirk mas de todo um cinema lamê.
LONGE DO PARAÍSO. Quando: hoje, às 21h, no HBO.

TV ABERTA

Jackie Chan busca limpar o nome em "Police Story"

Como Arranjar uma Namorada pro Papai
SBT, 14h.
(Billboard Dad). EUA, 1998, 92 min. Direção: Mary-Kate Olsen, Ashley Olsen. Gêmeas empenham-se em dar um fim à solidão do pai, viúvo.

Lua-de-Mel a Três
SBT, 16h.
(Honeymoon in Vegas). EUA, 1992, 96 min. Direção: Andrew Bergman. Com James Caan. Detetive leva a noiva para casar em Las Vegas. Casar ou jogar? O certo é que James Caan, disposto a conquistá-la, arma um jogo para que o rapaz se afunde em dívidas.

Police Story
Globo, 16h20.
EUA/Hong Kong, 1985, 90 min. Direção: Jackie Chan. Com Jackie Chan. Policial tem o nome manchado por um traficante a quem prendeu. Limpar seu nome será um dos problemas a enfrentar neste filme.

O Matador
Record, 21h10.
(The Hitman). EUA, 1991, 94 min. Direção: Aaron Norris. Com Chuck Norris. Com dupla identidade, o agente Norris combate as quase infinitas facções criminosas que vicejam em Seattle.

Ricos, Bonitos e Infiéis
SBT, 23h15.
(Town and Country). EUA, 2001, 104 min. Direção: Peter Chelsom. Com Warren Beatty. Comédia de costumes, ou melhor, de relacionamentos, que faz a apologia extrema do ator como peça-chave de um filme.

Cobras
Globo, 23h35.
(Snake Island). África do Sul, 1992, 90 min. Direção: Wayne Crawford. Com Wayne Crawford. Após naufrágio do navio em que viajam, turistas tentam passar a noite da melhor maneira possível. Inédito.

Na Mira do Inimigo
SBT, 1h15.
(Four Dogs Playing Poker). EUA, 2000, 97 min. Direção: Paul Rachman. Com Stacy Edwards. O pior roubo do século: ladrões roubam estatueta para um negociante de arte, mas algo dá errado e eles têm de devolvê-la. Como é impossível reavê-la, eles preferem a segunda opção -compensar com US$ 1 milhão.

Obsessão Assassina
Bandeirantes, 2h30.
(Shadow Dancer). EUA, 1995, 102 min. Direção: Michael Paul Girard. Com April Breneman. Homem e namorada ganham a vida como freqüentadores de orgias.

De Cara Limpa
SBT, 3h.
Brasil, 2000, 96 min. Direção: Sérgio Daniel Lerrer. Com Barbara Paz, Marcos Mion. Meio ao estilo dos filmes de adolescentes norte-americanos dos anos 80, aqui temos um grupo de amigos refletindo a vida, de relacionamentos a expectativas profissionais. Uma proposta de filme meio batida, mas o problema pode ser o elenco, que pode não segurar o tranco aqui. Somente para São Paulo.

Monk
Globo, 3h25.
EUA, 2002, 120 min. Direção: Dean Parisot. Com Tony Shalhoub, Bitty Schram. Episódio-piloto da série televisiva sobre o detetive Adrian Monk, que sofre de transtorno obsessivo-compulsivo.

Uma Vida Melhor
SBT, 4h45.
(Radiant City). EUA, 1995. Direção: Robert Allan Ackerman. Com Kirstie Alley, Clancy Brown. Cidade Radiante é o conjunto tipo Cohab em que vive família pobre de Nova York, até que a mãe se mobiliza, inconformada com uma vida de tantas restrições. Desejamos-lhe a melhor sorte. (INÁCIO ARAUJO E PAULO SANTOS LIMA)

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