São Paulo, sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

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Crítica/ "Zumbilândia"

Longa faz pastiche desequilibrado de gêneros e deixa zumbis como detalhe

RICARDO CALIL
CRÍTICO DA FOLHA

Um filme pode ser arruinado ou salvo por uma única cena. Em "Zumbilândia", vale o segundo caso. Na maior parte da projeção, a produção é um "terrir", mistura de horror e comédia, simpático e despretensioso. Mas uma sequência antológica o tira da vala comum.
Depois de uma epidemia que transformou quase todos os americanos em zumbis, quatro pessoas ainda saudáveis se encontram na estrada e decidem, com relutância, fugir juntos: o tímido Columbus (Jesse Eisenberg), o truculento Tallahassee (Woddy Harrelson), a bela Wichita (Emma Stone) e sua irmã adolescente Little Rock (Abigail Breslin).
Quando chegam a Los Angeles, decidem se hospedar na mansão de Bill Murray, pensando que o comediante estava morto, e então começa a tal sequência.
No papel dele mesmo, Murray surge ao grupo como um zumbi, mas logo revela que estava apenas se disfarçando para não ser morto. O que vem a seguir é não apenas uma bela homenagem a um dos maiores comediantes americanos da atualidade como um exercício de humor verbal e físico bastante sofisticado que termina de forma abrupta, que não pode ser descrita aqui.
No resto da projeção, "Zumbilândia" é um pastiche de gêneros cinematográficos que prefere ser mais esperto do que inteligente, e é quase sempre bem-sucedido nessa opção.
Em seu primeiro longa de ficção, Ruben Fleischer mostra-se bem mais à vontade no registro da comédia juvenil do que no do terror. O diretor leva o conceito de pastiche ao extremo, o que acaba neutralizando o horror do filme e desequilibrando a mistura de gêneros. Os mortos-vivos que estão em seu filme são mais inofensivos do que os zumbis-bailarinos de "Thriller", por exemplo.
Para o protagonista Columbus, a inadequação social é um obstáculo muito mais aterrador, principalmente porque em dado momento ele parece mais interessado em conquistar Wichita do que em continuar vivo. Em um filme de zumbis -mesmo um "terrir" digno e divertido como este-, os zumbis não podem ser só detalhe.


ZUMBILÂNDIA

Direção: Ruben Fleischer
Produção: EUA, 2009
Onde: Shopping Villa-Lobos e circuito
Classificação: não indicado a menores de 14 anos
Avaliação: regular




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